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Esclareça as suas dúvidas :: Pronomes retos

1 - Uso geral

a) Use os pronomes do caso reto (eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas) apenas para dar ênfase ao sujeito, para opor pessoas diferentes ou para distinguir os pronomes que tenham a mesma forma na 1.ª e 3.ª pessoa do singular: Eu, e mais ninguém, sou o responsável. / Ele, sim, sabe dar vida a um texto. / Estávamos ali os dois: ele, mais velho, e eu, recém-saído da adolescência. / Eu disse que ele seria contratado (o oposto: Ele disse que eu seria contratado).

b) A não ser nesses casos, dispense o pronome reto, especialmente quando a desinência verbal deixar claro a qual deles o texto se refere: Pediu (ele) que (nós) saíssemos. / Fizeste (tu) o que haviam (eles) solicitado? / Chegastes (vós) a tempo para a festa. / Saí (eu) antes que chovesse. / Fizestes (vós) o que esperavam (eles)?

Algumas repetições, além de desnecessárias, enfraquecem um texto: O delegado disse que, de posse dos relatórios dos superintendentes, ele decidiria como proceder (o ele repetido dá até mesmo a impressão de referir-se a outra pessoa). / Ele garantiu que, só depois que todos tivessem opinado, ele diria o que pensava do caso. / Quando eu lhes recomendei silêncio, eu não esperava que eles atendessem tão rapidamente ao pedido. / Nós queríamos que todos soubessem que nós não éramos os culpados.

2 - Casos especiais

a) Eu. Textos especiais (crônicas, artigos, etc.) podem adotar a primeira pessoa como forma de expressão, mas convém evitar, a todo custo, o recurso expresso ao eu, que dá uma desagradável sensação de narcisismo. Use o verbo na primeira pessoa e omita o pronome em vez de alongar-se em frases como: Quando eu cheguei a São Paulo, eu trazia a simplicidade do menino que eu fora no interior e eu não pretendia perder na cidade que eu escolhera para morar. / Eu estou deixando algo que eu construí, que eu fiz crescer, que eu mantive na época mais difícil do Brasil.

b) Ordem na frase. Recomenda a modéstia que o eu, num sujeito composto, venha em último lugar: Os primos e eu (em vez de eu e os primos) estamos prontos. / José, Antônio e eu começaremos o trabalho amanhã.

c) Nós por eu. No chamado plural de modéstia, costuma-se usar nós em vez de eu (oradores, editorialistas, articulistas e outros). O verbo concorda com o pronome, mas o adjetivo ou particípio, como norma, fica no singular (concorda com a idéia de eu): Nós estamos atento a tudo o que se passa aqui. / Nós nos sentimos honrado com esta homenagem. / Antes sejamos breve que prolixo.

d) Vós por tu ou você. Vós substitui tu ou você como tratamento de cerimônia, e a concordância se faz como no caso anterior: Pai nosso, que estais no céu... / Vós sois o nosso rei. / Vós estais enganada. / Acho que chegastes atrasado.

3 - Pronome reto como objeto direto

a) Os pronomes pessoais do caso reto devem ser empregados como sujeitos e não como objetos diretos: Ele saiu (mas não: Eu vi "ele"). / Nós viemos (mas não: A foto mostra "ele" sendo levado...). / Ele contou a história (mas não: Esta é uma história ligando "ele" ao assassinato...).

b) O pronome reto pode ser objeto direto apenas quando antecedido de todos, seguido de um número ou preposicionado: Vimos todos eles ali. / Eles convidaram nós três para a festa. / Conhecia bem todos nós. / Aguardo todos vós. / Espero eles quatro. / Escolheu a nós. / A mãe tinha apenas a ele, o filho que lhe restara. / Não entende a nós, nem nós entendemos a ele.

c) Os verbos mandar, deixar, fazer, ver, ouvir, sentir, restar, bastar e faltar, quando acompanhados de infinitivo, não podem introduzir pronome reto, mas apenas oblíquo: Deixe-me dizer (e não "deixe eu" dizer). / Mande-o sair (em vez de "mande ele" sair). / Faça-o ficar (e não "faça ele" ficar). / Veja-nos representar (e não "veja nós" representar). / Ouça-os tocar (em vez de "ouça eles" tocar). / Sentimo-la desfalecer (e não "sentimos ela" desfalecer). / Resta-lhe sumir no mundo (e não "resta ele" sumir). / Basta-te conseguir (e não "basta tu" conseguires). / Falta-me completar o quadro (e não "falta" eu completar).

d) A preposição com exige as formas comigo, contigo, consigo, conosco e convosco, em vez de "com mim", "com ti", "com nós", etc. Usam-se com nós e com vós, no entanto, quando aos pronomes se seguem as palavras mesmos, próprios, outros e todos ou um número: A moça queria falar com nós mesmos. / Disse que se entendeu com vós próprios. / Com nós outros é que ele não conte. / Já convivemos com vós todos. / Eles vão sair com nós quatro.