Agricultor é algemado para deixar área de risco em SC

Catarinense chegou a ameaçar soldados com facão; moradores ainda enfrentam perigo de morte

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Por AE
Atualização:

A situação é tensa em diversas outras áreas do Estado de Santa Catarina que ainda sofrem com deslizamentos diários de terra, por causa das chuvas que atingiram a região. Muitos morros exibem fendas e estão caindo. Ontem, foram pelo menos mais três desmoronamentos, sem vítimas. Famílias estão sendo retiradas às pressas e a todo custo de encostas. Muitos se recusam a sair e chegam a duvidar do perigo. O agricultor Adelino Bachmann precisou ser algemado depois de ameaçar com facão soldados que tentavam tirá-lo de sua casa. Veja também: Mais dois morrem e número de vítimas sobe para 116 em SC Cerca de 12 mil trabalham no socorro às vítimas em SC Lula pede estudo para elevar saque do FGTS Saiba como ajudar as vítimas da chuva IML divulga lista de vítimas identificadas Repórteres relatam deslizamento em Ilhota  Mulher fala da perda de parentes em SC Tragédia em Santa Catarina  Blog: envie seu relato sobre as chuvas  Veja galeria de fotos dos estragos em SC   Tudo sobre as vítimas das chuvas   Segundo geólogos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas de São Paulo que fazem pesquisa na área, essas famílias correm, sim, risco de morte. Bachmann foi preso porque se recusava a sair da casa que construiu há 30 anos e corre o risco de ser soterrada a qualquer momento. Ele passou a madrugada acordado em uma sala da Delegacia da Polícia Civil de Luiz Alves, uma das cidades mais atingidas pelas chuvas. Bachmann é conhecido em toda a região como um trabalhador, que criou dois filhos com muito custo. "Vou voltar pra minha casa e ficar lá até que realmente me provem o perigo. Aquilo lá é a minha vida." A reportagem percorreu diversas comunidades isoladas, aonde só é possível chegar de caminhonete, e encontrou várias pessoas que se recusam a deixar a área. "Perigo tem, claro, mais se sairmos vamos fazer o quê?", pergunta o agricultor Antônio Ramos, que, ao lado de sua mulher, Amélia, ainda permanece em uma área de risco. Sua sobrinha morreu soterrada a 200 metros de sua casa. "Isso aqui é tudo o que temos."

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