PUBLICIDADE

Alckmin diz que líderes do PCC poderão ir para o RDD

Por Artur Rodrigues
Atualização:

Após a Polícia Militar encontrar na terça-feira (30) uma central de espionagem do Primeiro Comando da Capital (PCC) na Favela de Paraisópolis, onde eram planejados ataques contra policiais, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que as informações são "cruciais" e podem ajudar a mandar criminosos para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD)."As informações serão extremamente importantes para a polícia trabalhar e enfraquecer ainda mais essas ações (de ataque à polícia) e colocar em cadeia, se for necessário no Regime Disciplinar Diferenciado, isolamento absoluto, os líderes do crime", disse Alckmin sobre o material apreendido, divulgado ontem com exclusividade pelo Estado.No RDD, o preso fica em cela individual, tem direito a apenas 2h de banho de sol e só recebe visitas semanais de duas pessoas. O fim do regime é uma antiga reivindicação do PCC. No RDD de uma prisão federal, o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, classificou o sistema como "fábrica de loucos e monstros".Em 2006, os ataques do PCC começaram após a transferência de presos à Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, de segurança máxima. Lá está a maioria dos integrantes do PCC, incluindo Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola. Com um regime ainda mais rígido, a penitenciária paulista com RDD em Presidente Bernardes é a única no Estado com vagas sobrando. Há 60 lugares e 23 presos.Os documentos achados podem ser usados como provas contra criminosos. Quem mais pode ser prejudicado pelo material encontrado na central é Francisco Antônio Cesário da Silva, o Piauí. Atualmente preso, ele é apontado como um importante líder da facção, além de chefe do tráfico em Paraisópolis. É suspeito de dar a ordem para matar policiais no Estado.DesorganizaçãoApesar dos 86 policiais mortos e da lista encontrada com endereços e características de novos alvos do PCC, o comandante do Batalhão de Choque da PM, César Morelli, minimizou o poder da facção. "Esse crime organizado é entre aspas. Não é uma máfia italiana. Na gíria comum, às vezes não sabe nem falar e se tem como organizado. Então, na verdade, é uma desorganização que está subjugando pessoas e a polícia está combatendo."O delegado-chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Jorge Carrasco, afirmou que foram presos 23 criminosos suspeitos de matar policiais militares. Segundo levantamento da PM, 37 dos 86 PMs mortos foram executados. O departamento também investiga homicídios de civis praticados por atiradores que passam em carros e motos. Uma das linhas de investigação é a de policiais e ex-policiais matando por vingança. "Tudo é investigado. Tenho um caso em Osasco que tem evidência de que foi um ex-PM expulso em 2008. O DHPP não vai passar a mão na cabeça de ninguém. Só que tudo tem de ter prova."Segundo Carrasco, há criminosos se aproveitando da situação tensa para eliminar rivais. A maioria dos casos aconteceu perto de pontos de venda de drogas. "A maior parte dessas pessoas tinha passagem na polícia por consumo de droga, furto e roubo." As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.