Alimentação saudável e exercícios podem evitar 19% dos casos de câncer

Se o País não adotar medidas de prevenção, incidência da doença deve crescer 35% em 10 anos, alerta o Inca

PUBLICIDADE

Por Bruno Boghossian
Atualização:

A combinação de uma alimentação saudável com a prática frequente de atividades físicas pode evitar 19% dos casos de câncer no Brasil, de acordo com uma pesquisa divulgada ontem pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) em parceria com o Fundo Mundial de Pesquisa contra o Câncer (WCRF).O estudo aponta que, ao prevenir a obesidade, é possível reduzir em até 30% a incidência de 12 tipos específicos de câncer, considerados comuns na população brasileira, como os de esôfago, pulmão, mama, fígado e próstata. Considerados apenas os tumores de boca, faringe e laringe, 63% dos casos poderiam ser evitados.O excesso de células de gordura no corpo pode aumentar a produção de fatores que causam inflamação e contribuir para o desenvolvimento do câncer. "Além de provocar a doença, essas células facilitam a agressão de fatores cancerígenos ao organismo", explica o nutricionista Fábio Gomes, da área de Alimentação, Nutrição e Câncer do Inca. Para proteger o corpo, pesquisadores recomendam o consumo de 400 gramas de frutas, verduras e legumes frescos por dia e a redução da ingestão de alimentos embutidos e com conservantes, como presunto e salame.PREVENÇÃOA publicação divulgada ontem, no Dia Mundial do Câncer, é uma adaptação à realidade brasileira das recomendações feitas pelo WCRF. Com base no estudo dos hábitos alimentares do País, a pesquisa propõe medidas para evitar a escalada de determinados tipos de tumor."A prevenção pode ser uma tarefa difícil e complexa, mas é plenamente possível", afirma o diretor-geral do Inca, Luiz Antonio Santini. "Se nada for feito, o Brasil deve ter um aumento de 34,6% nos casos de câncer nos próximos dez anos."O médico citou as políticas de controle do tabaco como um exemplo de sucesso na prevenção da doença. "Podemos fazer o mesmo em relação à alimentação. As pessoas têm um certo medo até de falar a palavra "câncer", consideram a doença inevitável e desconhecem a possibilidade de preveni-la com essas medidas", disse.Santini estima que um trabalho baseado em alimentação saudável e atividades físicas frequentes poderia reduzir em R$ 84,2 milhões os gastos do Sistema Único de Saúde (SUS) com o tratamento e a internação de pacientes com câncer de boca, faringe e laringe, esôfago, pulmão, estômago, mama e colorretal."O tratamento universal do câncer é impossível, simplesmente porque não há recursos suficientes", avalia o coordenador do estudo, Geoffrey Cannon, do Instituto Americano para Pesquisa do Câncer. "É uma doença extremamente evitável. Só de 5% a 10% dos casos de câncer não podem ser prevenidos, como os causados por fatores hereditários."Para os pesquisadores, os resultados do estudo não são surpreendentes, mas reforçam a necessidade de incentivar hábitos saudáveis, por meio de campanhas educativas e da regulamentação da indústria de alimentos."A população brasileira ainda não absorveu a relação entre alimentação e câncer, como acontece no caso das doenças do coração e da diabetes, por exemplo", afirmou o nutricionista Fábio Gomes. ESTIMATIVA489 milcasos de câncer deverão ser registrados neste ano no País114 milcasos serão de câncer de pele não melanoma. Entre oshomens, o mais incidentedeverá ser o de próstata (52 mil casos) e entre as mulheres, o de mama (49 mil casos)BONS HÁBITOS Recomendações: Pratique exercícios físicos regulares; valorize o transporte a pé e use bicicleta Frutas, legumes e verduras: Consuma diariamente 400 gramas dos três grupos de alimentos, valorizando os da safra Carnes: Prefira as assadas, cozidas ou ensopadas. Evite opreparo usando fritura Embutidos: Evite presunto, salsicha, linguiça, mortadela esalame - eles também não figuram em um cardápio saudável Alta densidade energética: Devem ser evitados alimentos com mais de duas calorias por grama de alimento, como biscoitos, refrigerantes, frituras (batatas, hambúrgueres) e cereais matinais com açúcar ou chocolate

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.