Armadilha sonora atrai cigarras

Inseto é uma das principais pragas do cafeeiro. Professor da Unesp garante que engenhoca funciona

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Por Fernanda Yoneya
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Após quatro anos de pesquisas, o engenheiro agrônomo Tomomassa Matuo desenvolveu uma armadilha sonora para cigarras da espécie Quesada gigas. Esta cigarra é uma das principais pragas de cafeeiros, pois passa a maior parte da vida sob o solo, sugando a seiva das raízes das plantas. ''Se houver pelo menos 35 ninfas por cova já é preciso aplicar inseticida'', diz. Estima-se que cada fêmea ponha cerca de 300 ovos. A armadilha, conta Matuo, emite um som que possui a mesma freqüência verificada no som emitido pelo macho da cigarra, para acasalar. ''A potência é de 105 decibéis e, após dois segundos, as primeiras fêmeas já se aproximam'', diz. O som atinge um raio de 80 metros, o que garante a cobertura de uma área de 2 hectares. Conforme Matuo, deve-se posicionar a armadilha no local, na caçamba de um veículo, por exemplo, e deixá-la funcionando por 30 a 40 minutos. Após esse período, parte-se para outra área. ''A cigarra canta enquanto houver luminosidade. Calcula-se, então, que um aparelho possa cobrir de 20 a 30 hectares por dia.'' Matuo conta que começou a pesquisar a relação entre a freqüência de sons e a atração de cigarras após ouvir o relato de um produtor de café de Minas. ''Ele estava podando um abacateiro com uma motosserra e observou que a ferramenta ficou coberta por cigarras. A partir daí, tiveram início as pesquisas para chegar à freqüência certa.'' O agrônomo, professor aposentado da Unesp de Jaboticabal (SP), contou com a própria Unesp e com a Universidade de São Paulo (USP) para construir a armadilha. O aparelho, que funciona com uma bateria de 12 volts, é composto por quatro jatos que formam um quadrado e pulverizam inseticida. ''Forma-se uma ''cortina'' de inseticida'', diz Matuo. Sob os jatos estão instaladas duas cornetas, que emitem o som. Quando as cigarras se aproximam, elas entram em contato com a ''cortina'' de inseticida e morrem, caindo em uma lona armada sobre uma base de 2 por 2 metros. ''O aparelho possui uma bomba que faz o inseticida recircular, em vez de ser jogado no ambiente, e um controle remoto.'' São necessários 8 litros de produto e a necessidade de reposição varia conforme cada produto. Matuo garante, ainda, que não há risco de o aparelho eliminar outros insetos, porque o som atrai apenas aquela espécie de cigarra. A armadilha deve começar a ser comercializada em junho, principalmente para cooperativas de cafeicultores. O aparelho custa R$ 9 mil. INFORMAÇÕES: www.maquideia.com.br

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