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BC mantém juro em 11% ao ano pela 3ª vez seguida e não sinaliza mudança

O Banco Central manteve nesta quarta-feira a taxa básica de juros em 11 por cento ao ano pela terceira vez seguida, em linha com as expectativas do mercado, e sinalizou que não pretende mexer na política monetária no curto prazo, em meio à fraqueza da economia e de uma inflação persistentemente no teto da meta. Em comunicado, o Comitê de Política Monetária (Copom) disse que "avaliando a evolução do cenário macroeconômico e perspectivas para inflação" decidiu por unanimidade manter a Selic. Contudo, retirou do texto a expressão "neste momento" utilizada nas duas reuniões anteriores. A expressão era entendida pelo mercado como uma sinalização de que a autoridade monetária poderia alterar os juros num futuro próximo. "(O comunicado) deixa muito clara a ideia de que o BC está num ritmo de neutralidade, ele não quer dar nenhuma mensagem quanto a qualquer momento futuro, bastante adequada para um momento pré-eleitoral", disse o economista-chefe do Banco J. Safra, Carlos Kawall. Esta foi a última reunião do Copom antes das eleições de outubro. A decisão do BC era amplamente esperada pelo mercado, já que a economia brasileira entrou em recessão técnica no primeiro semestre e a inflação continua rondando o teto da meta do governo. Pesquisa da Reuters mostrou que todos os 53 analistas consultados esperavam a manutenção da Selic. "Acho que o Banco Central retirou o 'neste momento' justamente para sinalizar que não terá que aumentar os juros agora. Indica que a contração do PIB nesses últimos trimestres surpreendeu em alguma medida o BC", disse o economista-chefe do Banco Pine, Marco Maciel. A economia brasileira encolheu 0,6 por cento no segundo trimestre e 0,2 por cento nos primeiros três meses do ano, ante os trimestres anteriores, colocando o país em recessão técnica. Já a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 6,50 por cento em 12 meses até julho, no teto da meta do governo. E a expectativa é de que em agosto tenha ficado em 6,51 por cento em 12 meses, de acordo com pesquisa Reuters. "O BC mostra que ainda não vê possibilidade, no curto prazo, de um ajuste na política monetária mesmo com a fraqueza da atividade, uma vez que a inflação em 12 meses está na banda superior da meta. Lembrando que ainda há, claramente, expectativa de que ocorra o reajuste da gasolina após a eleição e isso gerará impacto no IPCA de 2014", comentou Eduardo Velho, economista-chefe da Invx Global. A meta de inflação do governo é de 4,5 por cento, com uma banda de tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo. A expectativa é que haja uma mudança na política monetária somente no próximo ano. E mesmo assim não há consenso entre os economistas sobre o rumo que os juros irão tomar, dadas as incertezas macroeconômicas e também políticas. "Para este ano, não dá para esperar qualquer mudança nos juros, afinal a gente está em ano eleitoral e também não faz sentido iniciar um novo ciclo monetário sabendo que pode haver mudanças na composição do BC num novo governo", disse o estrategista-chefe do banco Mizuho, Luciano Rostagno. Pesquisas eleitorais divulgadas nesta quarta-feira mostram a presidente Dilma Rousseff (PT) e a candidata Marina Silva (PSB) tecnicamente empatadas em primeiro turno, mas apontam que a ex-senadora venceria a eleição no segundo turno. [nE5N0O603T][nL1N0R42PK] O primeiro turno da eleição será no dia 5 outubro e o eventual segundo turno no dia 26 do mesmo mês. A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 28 e 29 de outubro. "Para o ano que vem, a expectativa depende do resultado da eleição e da evolução das variáveis macroeconômicas. Está difícil até mesmo prever se o movimento é de alta ou de baixa dos juros", acrescentou Rostagno.

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Por Redação
Atualização:

(Reportagem de Luciana Otoni, Bruno Federowski e Silvio Cascione)

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