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Bélgica busca novo premiê para tirar o país de crises

Por PHILI
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A Bélgica está a procura de um primeiro-ministro que tire o país das crises política e econômica, embora haja poucos sinais de que partidos rivais possam chegar a um acordo sobre quem deve assumir o cargo. O país, onde fica a sede da União Européia, mergulhou na sexta-feira em sua terceira crise política do ano, quando o primeiro-ministro Yves Leterme renunciou por causa de suspeitas de interferência indevida sobre o Judiciário. No domingo, Leterme descartou uma volta ao cargo, iniciando uma luta por sua sucessão entre os cinco partidos da coalizão. Jean-Luc Dehaene, que governou a Bélgica no período 1992-99, surgia na segunda-feira como forte candidato para ocupar interinamente o cargo até a eleição parlamentar de junho de 2009 "Acho que há uma grande chance de que seja Dehaene", disse o cientista político Carl Devos, da Universidade de Ghent. "Ele tem experiência, foi primeiro-ministro e seria um gerente eficaz para a crise." O desafio do novo premiê será enorme. A Bélgica deve mergulhar na recessão neste trimestre, e o governo precisa aprovar urgentemente um pacote de 2 bilhões de euros (2,8 bilhões de dólares) para estimular a economia, além de enfrentar também o aumento do desemprego e o colapso do importante banco Fortis. Os investidores do banco, cujas ações caíram de quase 30 euros em abril de 2007 para cerca de 1 euro, conseguiram barrar na Justiça a divisão do grupo e a venda de parte do patrimônio para o banco francês BNP Paribas. Políticos liberais flamengos têm restrições quanto à indicação de Dehaene, 68 anos, que assumiu a presidência do banco Dexia, rival do Fortis, depois de uma operação de resgate do grupo franco-belga, em outubro. A oposição de idioma holandês considera Dehaene esquerdista demais. Outros possíveis candidatos incluem o presidente da Câmara, Herman Van Rompuy, o ex-premiê Guy Verhofstadt, o ministro das Finanças, Didier Reynders, e Marianne Thyssen, dirigente do Partido Democrata-Cristão Flamengo. A Bélgica praticamente emenda uma crise na outra desde a eleição geral de junho de 2007, em geral devido à incapacidade de Leterme de mediar um acordo entre os partidos flamengos, que querem mais poderes para Flandres, e os valões (francófonos), que temem a fragmentação do país. A divisão da Bélgica, um país criado há 178 anos, deve voltar a ser discutida com a aproximação das eleições gerais de 2009.

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