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Beltrame: Atitude dos PMs em Jacarezinho foi monstruosa

Por THAISE CONSTANCIO
Atualização:

O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, classificou como "monstruosa" a atitude dos quatro policiais militares da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do Jacarezinho, na zona norte, acusados de estuprar duas mulheres e uma adolescente nesta terça-feira, 5. "Uma pessoa que é um estuprador, isso vai da dignidade dele, do caráter dele, do que ele aprendeu lá na casa dele. Não há academia (de polícia) que vá fazer uma pessoa doente deixar de tomar uma atitude monstruosa como esta".Nesta quarta-feira, 6, ele pediu a expulsão sumária dos PMs para aqueles respondam à Justiça comum. "Não é uma questão de preparo e não acho que seja erro de seleção, tem que analisar o caso a caso. A mesma polícia que errou anteontem, apresentou um trabalho que nunca tinha sido feito". Nesta quinta-feira, 7, Beltrame esteve na Cidade da Polícia, no Jacarezinho, acompanhando o andamento da Operação Tentáculos, que tem como objetivo desarticular a milícia conhecida como Liga da Justiça, maior e mais violenta quadrilha da zona oeste do Rio. Eles extorquiam moradores de um condomínio do programa Minha Casa, Minha Vida, em Campo Grande, na zona oeste, com cobrança de altas taxas de segurança, internet, além de cestas básicas. Aqueles que não concordassem eram expulsos do condomínio e, caso insistissem em voltar, poderiam ser torturados ou mortos. Uma vez vazias, as casas eram vendidas para outras famílias de baixa renda que passavam pelos mesmos constrangimentos.Desde 2007, mais de 800 integrantes da Liga da Justiça já foram presos, sendo 21 deles nesta quinta. "A milícia é um crime que está no Rio há 20 anos e nunca foi combatido. No início porque muita gente apoiava e hoje porque criou tentáculos, criou raízes difíceis de se combater, mas a policia está fazendo seu trabalho". Beltrame pediu que as pessoas que se sentirem subjugadas por milicianos passem a denunciar à polícia.Crimes policiaisQuestionado sobre o aumento da quantidade de crimes realizados por policiais, o secretário disse que "lidar com segurança pública no Rio não é nada fácil". Ele citou dados positivos como a redução de 7 mil homicídios, diminuição de casos de balas perdidas, o "recorde de atividade policial" (como prisões, apreensões de drogas, de cumprimento de mandado de prisão), "mas estamos tendo um recrudescimento da violência". O secretário também afirmou que houve redução dos autos de resistência. No entanto, reportagem publicada no jornal O Estado de S. Paulo nesta quinta-feira, mostra que houve aumento de 42,5% nos no primeiro semestre de 2014 em relação ao mesmo período de 2013."Embora a polícia tenha seus defeitos, embora apresente problemas, esses dados são muito claros e transparentes de que a polícia é outra hoje, mas ainda tem alguns problemas pontuais. Estamos agindo, separando essas pessoas, punindo, e indo para frente", defendeu.UPPO secretário de Segurança também comentou os ataques a policiais, principalmente em Unidades de Polícia Pacificadoras. "É lógico que a UPP é um desafio difícil, mas hoje a polícia está lá (na favela). Antes (a favela) era um pedaço da cidade que não existia, que estava na mão de um império (as facções), de um imperador (o chefe do tráfico). Hoje a polícia está lá e ali ela vai permanecer porque entendemos que sem atender essas áreas, o Rio de Janeiro não muda".Beltrame voltou a defender mudanças na legislação, principalmente em relação à maioridade penal. "Temos um grande número de menores que voltam a praticar crimes porque assim a legislação permite", disse, acrescentando que pessoas que cometem crimes com penas inferiores a quatro anos de detenção não são detidas. "É realmente difícil"."Essas leis permitem que as pessoas voltem mais uma vez a cometer crimes e a polícia tem que trabalhar uma ou duas vezes em cima daquilo que havia feito lá atrás". Para ele, "os órgãos responsáveis têm que efetivamente que acolher (os menores infratores), que tentar recuperá-los". "Senão tudo vai acabar na conta da polícia e menor de idade não é um problema de polícia, mas de acolhimento, da dar estrutura para que ele volte para a sociedade efetivamente em condições de conviver com ela".