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Brasileiro treina time campeão para provas de triatlo e maratona de Miami

Equipe de Marcelo Holcberg recebeu título de melhor da Flórida pelo USA Triathlon

colunista convidado
Por Chris Delboni
Atualização:

Marcelo Holcberg nunca foi do tipo atlético na juventude e diz ter sido "gordinho".

Com 16 anos, resolveu entrar numa academia de ginástica. "Perdi 18 quilos, e comecei a correr", conta. "Me senti muito bem, e me destaquei."

Na sua primeira prova, em 1981, correu com mais 10 mil participantes. "Cheguei entre os mil primeiros e comecei a pensar: 'que interessante, chegaram 9 mil pessoas atrás de mim'".

Marcelo Holcberg é líder de uma equipe de triatlo Foto: Mayra Roubach

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Foi aí que se encontrou, primeiro como corredor, depois como triatleta e hoje como um dos mais reconhecidos técnicos em Miami.

Recentemente, seu time recebeu o título de melhor da Flórida pelo USA Triathlon, conhecido por USAT, órgão que rege o triatlo nos Estados Unidos e do qual Marcelo Holcberg faz parte do primeiro grupo de técnicos certificados.

Ele atualmente treina 130 pessoas, entre atletas e triatletas, que participam de competições de triatlo, envolvendo três modalidades: natação, ciclismo e corrida. Diz que atletismo e triatlo não são esportes coletivos, mas é muito mais "agradável" treinar em grupo. "A gente junta as pessoas para treinar, cada um tendo uma planilha personalizada, no seu nível, para sua programação de treino e objetivo principal", diz Holcberg, que começou com cinco clientes e foi crescendo. Desde que abriu Tri2One, para assessorar atletas em Miami, já treinou cerca de 500.

Foto oficial do time Tri2One, que se prepara para a maratona de Miami em janeiro Foto: Francisca Miranda

"Sou técnico há praticamente 19 anos, e quando comecei com a Tri2One, o objetivo era simplesmente treinar - era o Tri2One 'coach', para treinar atletas de todos os níveis, em todas as formas", conta. "Mas, com o tempo, a gente acabou ficando grande e virou um time."

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Hoje, a Tri2One é composto de três grupos que treinam diariamente em diferentes bairros da grande Miami, e se unem uma vez por semana, habitualmente aos sábados, preparando-se para diversas provas durante o ano. E é com esse time que Holcberg espera que seus atletas cheguem com tempo recorde na maratona ou meia maratona em 24 de janeiro de 2016, sua preocupação atual.

O "coach", como todos o chamam, acredita que pelo menos 80 pessoas de sua equipe participem da maratona, que deve ter 40 mil participantes no total. Diz que, normalmente, 30 mil entram na maratona, de 42,2 quilômetros, e 10 mil na meia, de 21,1 quilômetros.

O técnico Marcelo Holcberg treina seis dias na semana Foto: Mayra Roubach

A maioria começou a treinar no início de novembro, mas novos atletas são recebidos diariamente.

O técnico só pede que estejam preparados para sua honestidade e franqueza, pois, dentro do planejamento de treinamento, diz que não ilude ninguém.

"Muitas pessoas não sabem onde estão entrando", conta. "Chegam e dizem: 'eu fiz uma meia maratona, me falaram que eu deveria fazer triatlo e já me inscrevi para minha primeira prova em maio'.Isso em abril".

Aí eu pergunto: tem experiência em natação? 'Nenhuma'. Tem bicicleta?  'Não, queria que você me ajudasse a comprar minha primeira bicicleta'. É complicado", diz.  "Tenho que ser honesto, e falo: vamos conversar antes".

Marcelo, a direita, prepara o time para uma prova de bicicleta Foto: Mayra Roubach

Na conversa, começa a sólida preparação, como foi ensinado por Wanderlei de Oliveira, atleta, respeitado técnico e um dos fundadores da CORPORE, clube de corredores de São Paulo e centro de referência para esportistas, onde ele começou.

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"Nunca tinha feito atletismo na escola", diz. "Mas quando sentei com Wanderlei para conversar - e éramos dois moleques - não demorei para perceber que aquilo era minha vida."

Mas demorou para decidir dedicar-se inteiramente a realizar seu sonho. Aconselhado por um cunhado, Marcelo Holcberg optou em fazer faculdade de economia, em vez de educação física. "Naquela época já amava o esporte, já sabia o que queria", conta. Mas seguiu o conselho do cunhado, que dizia: 'Para que fazer educação física se você gosta de correr? Faz uma coisa que dá mais dinheiro, mais status. Vai estudar economia, administração de empresas'. Foi isso que fiz".

Mas não se formou. Trancou a matrícula no último ano e nunca voltou. "Falei: não é isso que quero". Assim, surgiu uma oportunidade em Nova York, trabalhando na área de móveis. "Foi uma experiência profissional ruim, mas foi a melhor época da minha vida para correr porque estava sozinho, não tinha família, não tinha amigos. A única coisa que fazia era trabalhar e correr."

Marcelo em casa com a esposa Daniela e filho Cori Foto: Chris Delboni

Passaram-se dois anos, e, quando voltou ao Brasil, afastou-se dos treinos. "Voltei com a ideia de ganhar dinheiro", conta, que na época se preparava para casar com Daniela, hoje sua mulher. Mas também não durou muito tempo no ramo comercial, têxtil, da família em São Paulo. Desde 1981, sua paixão era correr, treinar. E, em 1996, já casado, resolveu perseguir seu sonho. "Tinha amigos morando em Key Biscayne [uma ilha na grande Miami] e mandavam notícias que era um paraíso, uma maravilha, as pessoas passavam pedalando, os filhos iam caminhando para escola, era só coisa bonita", diz. "Acabamos vindo para cá sem perspectiva, mas com a ideia de ser técnico". E, depois de muita luta e determinação, conseguiu. Seus triatletas hoje treinam seis dias na semana, de uma hora até quatro por dia, às vezes, de manhã e de noite. Cada modalidade envolve ao menos dois treinamentos semanais, e pode chegar a cinco, para se prepararem para as provas de natação de 400 a 3.900 metros; ciclismo de 16 a 180 quilômetros; e corrida de 5 a 42 quilômetros.

"Acordo todo dia às 5h. Um dia que acordo mais tarde seria o sábado, às 5h30, e domingo às 6h", diz, rindo.O treinamento começa entre 5h45 e 6h. Mas não é nenhum sacrifício, diz o "coach", que sonha em ter cada vez mais atletas para treinar. Seu maior desafio?"Acordar, fazer o melhor trabalho que você pode e dormir com a consciência tranquila que fez o melhor que pôde aquele dia, sem estar enganando ninguém", diz. "Acho esse o maior desafio." No vídeo, Marcelo Holcberg conta o segredo do seu sucesso.

Serviço: Para mais informações, custos e horários de treinamentos, visite: http://tri2one.com, mande e-mail para coach@tri2one.com ou ligue no celular +1 (305) 302-8399, em Miami. Para mais informações da maratona de Miami em janeiro, visite: http://www.themiamimarathon.com

Twitter: chrisdelboni

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