BVRio inicia operação com foco em nicho criado por Código Florestal

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Por MARCELO TEIXEIRA
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A Bolsa Verde do Rio de Janeiro (BVRio) inaugurou nesta segunda-feira sua plataforma eletrônica de negociação de ativos ambientais com um produto que propõe auxiliar grandes proprietários rurais a se adequarem ao novo Código Florestal. A BVRio, uma bolsa que busca tornar o Rio um centro de desenvolvimento de novos mecanismos financeiros para o setor ambiental, iniciou a negociação das chamadas Cotas de Reserva Ambiental (CRA), a primeira de novas classes de ativos verdes que a bolsa pretende hospedar. Cada CRA representa 1 hectare de floresta. A lei permite que donos de fazendas que desmataram além do que deveriam possam compensar o fato comprando essas cotas, como se estivessem alugando áreas de floresta para se adequarem à lei. As pessoas que geram e vendem as CRAs são proprietários rurais que possuem florestas a mais do que a lei exige. Pela lei brasileira, donos de áreas rurais precisam manter de 20 a 80 por cento das florestas existentes nas propriedades, dependendo de onde elas se localizam. "Acredito que este será um mercado de bilhões de reais quando maturar. As CRAs são uma opção mais barata e mais simples para os produtores rurais cumprirem suas obrigações ambientais", afirmou Pedro Moura Costa, presidente-executivo da BVRio, durante evento que marcou o início de funcionamento da plataforma de negócios. Segundo dados da bolsa, das 5,1 milhões de propriedades agrícolas brasileiras, 4 milhões precisariam se adequar ao novo código. APOSTANDO EM TENDÊNCIA Moura Costa é um pioneiro na área de ativos ambientais. Ele foi um dos fundadores da EcoSecurities, uma trading de créditos de carbono que chegou a dominar o comércio global destes papéis e posteriormente foi comprada pelo JP Morgan. O executivo pretende tornar a BVRio o centro de um mercado que ele acredita deverá crescer aceleradamente no Brasil e no mundo nos próximos anos, negociando direitos como os de emissão de gases de efeito estufa ou de uso de água. Vários Estados brasileiros já estão discutindo legislações que propõem cobranças por serviços ambientais. Também há projetos tramitando no Congresso Nacional. Especialistas acreditam que em um futuro próximo empresas deverão ter tetos para utilização de bens como água ou para a geração de resíduos industriais. No caso de excederem esses limites, teriam que comprar direitos adicionais em ambientes de negociação como a BVRio. No caso das cotas de reserva legal, o que está sendo negociado é apenas a floresta, não a terra onde ela está plantada. O processo para se saber se um produtor possui ou não área extra de floresta para vender passa pelo Cadastro Ambiental Rural, um procedimento também criado pelo Código Florestal. O próximo ativo ambiental que poderá estrear na BVRio deve ser o carbono. A bolsa será o ambiente para empresas do Rio negociarem créditos de emissões, quando entrar em vigor o mercado de carbono do Estado, que foi adiado de 2013 para 2014 por falta de acordo entre o governo estadual e o setor industrial. O Rio concentra boa parte da produção e do refino de petróleo do Brasil, assim como grandes instalações siderúrgicas, setores que são grandes emissores de gases de efeito estufa. A ideia inicial do governo, que foi apresentada durante a Rio+20, era iniciar o mercado de carbono em janeiro de 2013, estabelecendo limites de emissões para as companhias atuando no Estado, mas o programa foi protelado para permitir maior período de negociação com as indústrias.

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