Caixa-preta não tem gravação do voo de Eduardo Campos e dificulta investigação

A gravação da caixa-preta do avião em que estava Eduardo Campos (PSB) não tem registro de áudio do voo que causou a morte do presidenciável, o que deve dificultar a investigação das causas do acidente. A Força Aérea Brasileira (FAB) divulgou nesta sexta-feira que as duas horas de áudio, capacidade máxima de gravação do equipamento, obtidas e validadas por técnicos certificados, não correspondem ao voo de 13 de agosto. Os dados da caixa-preta do jato Cessna 560XL foram extraídos e analisados por quatro técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Até o momento, não é possível determinar a data dos diálogos registrados no equipamento. "Lamentei muito isso, porque esperava que o áudio resolvesse o 'X' da questão, ou pelo menos indicasse o motivo", disse à Reuters o brigadeiro Mauro Gandra, ex-ministro da Aeronáutica. Campos morreu em um acidente de avião na manhã de quarta-feira no litoral de São Paulo junto com outras seis pessoas que estavam na aeronave. O avião levava o socialista do Rio de Janeiro a Santos, onde ele cumpriria agenda de campanha, e arremeteu quando se preparava para pousar no aeroporto da cidade vizinha do Guarujá. Em seguida, o controle de tráfego aéreo perdeu contato com o avião. O diretor de Regulamentação e Convenção Coletiva do Sindicato Nacional dos Aeronautas, Rodrigo Spader, afirmou que a falta do áudio "atrapalha bastante" a apuração do ocorrido, ainda mais porque a caixa-preta do avião não tinha o registro de comandos executados pelo piloto nos instantes que antecederam o acidente, como nos equipamentos de aeronaves de maior porte. A FAB disse que as razões pelas quais o áudio não corresponde ao voo "serão apuradas" e ressaltou que a gravação é "apenas um dos elementos levados em consideração durante o processo de investigação". Segundo o brigadeiro Gandra, para quem o áudio "teria uma importância capital" na investigação, há outros mecanismos que podem ser usados, como a própria análise dos destroços da aeronave. Os trabalhos da FAB contarão com a ajuda da agência de segurança de transporte norte-americana, a NTSB, que enviou um investigador a Santos. Em nota, a NTSB informou ter sido notificada pelo Cenipa, uma vez que o avião envolvido no acidente foi fabricado nos Estados Unidos. "A NTSB designou o investigador de segurança aérea Tim Monville... Ele está acompanhado de consultores técnicos da Administração Federal de Aviação dos EUA e da Cessna", informou.

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Por LEONARDO GOY
Atualização:

VANTS

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Na quinta-feira, o jornal O Estado de S. Paulo afirmou que o piloto do avião de Campos teria recebido um aviso da Aeronáutica sobre a existência de uma área para voo de veículos aéreos não tripulados (Vants) nas proximidades.

Em resposta, a FAB disse que houve uma solicitação de área reservada para Vant em Santos, entre 11 e 31 de agosto.

A autorização foi emitida para uma área a 19,5 quilômetros de distância do aeroporto do Guarujá, "bem distante da possível trajetória do avião acidentado", segundo a FAB. A Força Aérea acrescentou que, segundo o solicitante do uso de vant, "nunca foi realizado voo com a aeronave".

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