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Cientistas desvendam o genoma bovino

Brasileiros fazem parte de grupo de pesquisadores que mapeou genes de uma vaca.

Por Victoria Gill
Atualização:

Um consórcio de 300 cientistas de 25 países, entre eles o Brasil, conseguiu mapear pela primeira vez a sequência do genoma de um bovino, em um avanço que pode permitir diversas melhorias na produção pecuária. O estudo, publicado na última edição da revista Science, foi liderado por pesquisadores do Baylor College of Medicine, nos EUA, e contou com a participação de cientistas da Universidade Estadual Paulista (Unesp). A partir de agora, os bovinos fazem parte de um pequeno grupo de animais - entre eles, os humanos, outros primatas e roedores - que tiveram seus genomas decodificados. "Nós escolhemos estudar o genoma de uma vaca porque estes animais têm uma enorme importância para os humanos", explica Richard Gibbs, do Baylor College of Medicine. O animal que teve seu genoma mapeado foi uma vaca da raça Hereford e o estudo levou seis anos para ser finalizado. Segundo o pesquisador, além de poder trazer avanços para a produção de leite e carne, o mapeamento do genoma bovino também pode ajudar em pesquisas sobre a saúde humana e doenças. "Descobrimos que as vacas são muito mais parecidas conosco do que os roedores (que também tiveram seus genomas decodificados)", afirma Gibbs. "Há aspectos da biologia humana que podem ser estudados por meio de vacas", completa. Vantagens Os pesquisadores descobriram que dos 22 mil genes do genoma bovino, 14 mil são comuns a todas as espécies de mamíferos. "Estes 14 mil genes são a 'casa de máquinas ' comum a todos os mamíferos. Já os outros são únicos para cada espécie", afirma Ross Tellam, pesquisador da Commonwealth Scientific and Industrial Research Organisation (CSIRO), na Austrália. Segundo ele, o estudo destes genes exclusivos da espécie pode trazer diversas vantagens para a produção pecuária. "Se pudermos descobrir precisamente que genes causam as diferenças entre cada animal, haverá uma oportunidade para melhorar a criação seletiva", explicou. "Nós podemos usar métodos naturais - simplesmente selecionando os melhores animais - para ter gado que produza mais carne ou mais leite". Mapeamento A comparação entre os diferentes tipos de bovinos já começou, e as primeiras conclusões foram publicadas em um artigo complementar, também na revista Science. Um grupo de cientistas associados produziu um mapeamento das principais diferenças de DNA entre diversas raças bovinas. Eles compararam a sequência do genoma da raça Hereford com outras seis raças. Usando este "mapa", os pesquisadores poderão apontar as diferenças entre as diversas raças que afetam a qualidade da carne ou do leite. "(Este mapa) vai transformar a produção de laticínios e carne", diz Richard Gibbs. "Ferramentas genéticas já estão sendo produzidas e se mostrando úteis para a indústria de laticínios. Nós prevemos que elas serão aplicadas também para melhorar a indústria de carne". "Nós esperamos também que estas informações possam ser usadas para se criar maneiras inovadoras de se reduzir o impacto ambiental do gado, como em relação aos gases causadores de efeito estufa emitidos pelos rebanhos", diz Gibbs. O estudo também identificou novos genes envolvidos com a imunidade dos bovinos. Eles esperam que as descobertas também auxiliem no tratamento de doenças do gado. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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