Com salários atrasados, Unisa decide adiar início das aulas

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Por Paulo Saldaña
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Uma crise na Universidade de Santo Amaro (Unisa) atrasou salários de professores e provocou o adiamento do início das aulas. Agendada para 4 de fevereiro, as aulas foram remarcadas para o dia 18. Professores ainda reclamam que, mesmo sem receber, sofrem ameaças de demissão por atrasos na entrega de materiais. A Unisa tem três câmpus em São Paulo e mais de 25 mil alunos, a maioria a distância.Os atrasos ocorrem desde novembro e até agora parte dos professores não recebeu a quantia referente a janeiro. O 13.º salário só foi pago no meio deste mês. Nenhum dos cerca 500 professores viu o salário de dezembro e não há informações sobre o pagamento de janeiro.Segundo o Sindicato dos Professores (Sinpro), 95% dos docentes receberam as quantias de novembro nesta semana. "Até agora não há versão oficial para os atrasos", disse o secretário-geral do Sinpro, Walter Alves. O sindicato realizou uma assembleia com professores e representantes da Unisa no dia 24 e uma nova reunião está marcada para sexta-feira. "Vamos pedir uma multa por dias de atraso e se não houver acordo teremos de buscar a Justiça."Entre os professores, a situação é de desinformação e "desespero". Por medo de represálias, os docentes que conversaram com o Estado pediram anonimato. Uma professora que dá aulas há quase dez anos na instituição diz que colegas estão dependendo de empréstimos. "Nós ajudamos uns ao outros. O pior é o desrespeito com que nos tratam."Indignada, outra professora relatou que, mesmo sem receber, tem sido ameaçada de demissão em caso de atrasos na entrega de material de ensino a distância. "Estamos literalmente pagando para trabalhar e sob pressões e ameaças."Os alunos também temem prejuízos. "A universidade não fala nada e o calendário mudou sem nenhuma explicação", diz o aluno do 2.º ano de Jornalismo Everton Calicio, de 27 anos. "Temos receios de perder bons professores", afirma Michel Furquim, de 25, do curso de Psicologia.Os docentes já começaram a sair. "Pedi demissão por conta do atraso. A pior sensação foi passar Natal e ano-novo sem a mínima perspectiva", conta uma ex-professora.Até ontem à noite, a Unisa não esclareceu os motivos dos atrasos. Em e-mail encaminhado à reportagem, a reitoria comunicou que "respeita o seu corpo docente" e tem negociado com o sindicato.

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