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Crise sem fim

Embora retrate a gravidade e a persistência da crise que afeta duramente a atividade do setor manufatureiro, não causa surpresa o fato de o emprego industrial ter registrado em julho a 46.ª queda mensal consecutiva na comparação com igual mês do ano anterior. Não é simples coincidência que esse processo de queda ininterrupta do emprego na indústria tenha se iniciado apenas nove meses depois de Dilma Rousseff ter assumido a Presidência da República. Foi o tempo suficiente para que a desordenada política econômica do governo petista começasse a prejudicar a atividade industrial, embora as autoridades repetissem que o objetivo era justamente o contrário, o de apoiar o crescimento do setor. Interessado, porém, em proteger e estimular apenas segmentos ou empresas por ele escolhidos, o governo Dilma não se preocupou em oferecer condições adequadas para a atividade industrial, de modo a assegurar-lhe ganhos de competitividade que permitissem às indústrias instaladas no País preservar o mercado interno e disputar mercados no exterior. Como não há soluções à vista, a crise da indústria, já grave, se aprofunda.

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Por Redação
Atualização:

A queda contínua do emprego industrial, que afeta milhares de trabalhadores – em geral os mais bem preparados do mercado de trabalho nacional –, dá o retrato social de um governo que adotou políticas erradas e, quando fez as escolhas certas, não teve competência para implementá-las. No plano fiscal, o retrato perfeito da irresponsável política conduzida pela primeira gestão de Dilma está no imenso rombo orçamentário que mais uma vez o governo tenta cobrir recorrendo impudentemente ao bolso do contribuinte.

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A redução do emprego industrial ocorrida em julho, de 6,4% na comparação com julho de 2014, foi a segunda mais intensa aferida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em sua Pesquisa Industrial Mensal – Emprego e Salário (Pimes), superada apenas pela redução de 6,7% observada em julho de 2009, quando a crise internacional atingiu fortemente a economia brasileira. O emprego industrial está no menor nível da série iniciada em 2000 pelo IBGE. Praticamente nenhum segmento foi poupado (de 18 setores pesquisados, 17 relataram redução do número de empregados em julho). No acumulado de janeiro a julho deste ano, o total de trabalhadores empregados na indústria encolheu 5,4%; no acumulado de 12 meses até julho, 4,9%.

Em julho, o valor real da folha de pagamento, isto é, descontada a inflação, foi 7% menor do que o de um ano antes. Na comparação com o mês anterior, o encolhimento foi de 1,8%. No ano, a queda é de 6,3%.

Outros setores da economia igualmente cortam despesas e demitem empregados. Por causa do agravamento da crise, que o governo não consegue enfrentar, também está encolhendo o setor de serviços, que é o maior empregador do País. Em sua Pesquisa Mensal de Serviços, o IBGE constatou aumento de 2,1% da receita bruta nominal de serviços em julho, na comparação com julho de 2014. É, obviamente, um resultado muito ruim se cotejado com a inflação de 12 meses até julho (de 6,5% pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), pois mostra a persistência da redução real da receita. As projeções mais recentes de economistas do setor privado são de redução real de 7% da renda do setor de serviços em 2015, por causa da queda do emprego, dos salários e da oferta de crédito.

Com números como esses, não surpreende que, em setembro, o pessimismo do empresariado industrial aferido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) tenha sido o maior nos últimos 16 anos. Pioraram todas as expectativas de curto e de médio prazos da indústria com relação às condições da economia. Motivos, de fato, não faltam para tanto pessimismo. A cada desastrada e fracassada tentativa do governo Dilma de enfrentar os problemas que o cercam, se acentua a crise fiscal, econômica, política, social e moral em que o governo do PT lançou o País.