Desencanto paulistano

De cada 10 paulistanos, sete dizem que sairiam de São Paulo se pudessem. Esse número estarrecedor, constatado em pesquisa feita pelo Ibope Inteligência, dá bem a dimensão do nível de desencanto a que chegaram os moradores da maior cidade do País, outrora orgulhosa locomotiva do desenvolvimento nacional e agora subjugada à irresponsabilidade administrativa do governo de Fernando Haddad.

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Por Redação
Atualização:

A pesquisa foi realizada a pedido da Rede Nossa São Paulo e da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, para integrar a série de Indicadores de Referência de Bem-Estar no Município, cujo índice, o Irbem, procura resumir a satisfação dos paulistanos com a sua cidade. A vontade de deixar São Paulo e procurar um lugar melhor para viver atingiu em 2015 seu ponto mais alto desde que o Irbem começou a ser feito, em 2008. Mais do que isso: no intervalo de apenas um ano, entre 2014 e 2015, esse indicador subiu nada menos que 11 pontos porcentuais.

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Trata-se de um óbvio reflexo da degradação de São Paulo em praticamente todos os aspectos. Não é à toa que 56% dos paulistanos consideram “ruim” ou “péssima” a atual administração municipal, a cargo de Haddad – o pior desempenho de toda a série histórica.

Essa percepção de que o petista não sabe como resolver os problemas básicos e imediatos da cidade – muitos deles criados por sua própria incompetência – fica clara quando se observa que o descontentamento vem crescendo ano a ano. Em 2008, apenas 12% reprovavam totalmente a gestão da Prefeitura. Em 2013, primeiro ano de Haddad no cargo, esse porcentual saltou para 39%. No ano seguinte, atingiu 40% e agora passou dos 50%. Apenas 13% dos paulistanos consideram “ótimo” ou “bom” o trabalho da Prefeitura.

Nas pesquisas feitas entre 2009 e 2014, não mais do que 5% dos paulistanos responderam que a qualidade de vida na cidade “piorou muito” – e, em 2014, esse porcentual foi de apenas 3%. No ano passado, contudo, esse indicador saltou para 17%, uma piora muito significativa em tempo curtíssimo. Já os que consideram que a qualidade de vida “piorou um pouco” passaram de 10% para 19% no mesmo período. Tudo isso autoriza a concluir que a paciência dos paulistanos com Haddad acabou.

No geral, 89% dos itens abordados pela pesquisa tiveram notas abaixo da média na escala de avaliação, que vai de 1 (insatisfação total) a 10 (satisfação total). Há um ano, 82% dos itens haviam ficado abaixo da média. Mais uma vez, os raros aspectos sobre os quais os paulistanos têm uma opinião favorável dizem respeito à vida privada, como “relações humanas”, que teve média 6, e “religião e espiritualidade”, com média 5,7.

Já as áreas que envolvem o poder público continuam a receber péssimas notas. Um exemplo é a mobilidade urbana. Por mais que Haddad tente, digamos, “mostrar serviço”, pintando ciclofaixas pela cidade, reduzindo a velocidade permitida, impondo regras esdrúxulas para os taxistas e prometendo modernizar o serviço de ônibus, o paulistano deu nota 3,9 para o item relacionado a transporte e trânsito. A avaliação nessa área é baixa desde 2009 (nota 4), mas, a julgar pela propaganda da Prefeitura petista a respeito da alegada revolução que empreendeu na mobilidade urbana, era de supor que, a esta altura, os paulistanos estivessem felizes da vida. Não é o caso.

Enquanto Haddad governa apenas para os ciclistas, os usuários de ônibus se irritam com a persistente precariedade do serviço – a nota dada para o tempo de espera nos pontos, por exemplo, caiu de 4,4 para 4. As notas são ainda piores para as soluções da Prefeitura destinadas a diminuir o trânsito (3,9) e em relação ao tempo de deslocamento na cidade (3,9).

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Essa grande insatisfação dos paulistanos se repete em praticamente todas as outras áreas avaliadas. Isso significa que o morador de São Paulo já não espera pela aurora civilizatória anunciada ao longo do desastroso governo de Haddad. Apenas conta os dias para que venha logo outro prefeito, desta vez comprometido com as verdadeiras necessidades da cidade.