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Deter efeito estufa não destruirá economia, diz Pachauri

Ganhador do Nobel da Paz diz que o modelo de desenvolvimento adotado no 1º mundo tem de ser mudado

Por Jamil Chade
Atualização:

O  vencedor do prêmio Nobel da  Paz, Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), disse, em entrevista ao Estado, que não custará muito ao mundo tomar medidas para evitar as mudanças climáticas. Mas alerta que uma mudança no estilo de vida será necessário. Pachauri esteve em Genebra para lançar uma nova iniciativa ambiental ao lado do ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan. A íntegra da entrevista pode ser lida na edição desta quinta-feira de O Estado de S. Paulo. Abaixo, alguns trechos: O sr afirmou na semana passada, ao receber o prêmio Nobel, que os países emergentes não podem repetir os mesmos erros nos seus desenvolvimento que fizeram os países ricos no passado. Como é que devemos então nos desenvolver?   O modelo de desenvolvimento precisa ser revisto por completo. Sabemos que o modelo utilizado pelos países ricos nas últimas décadas  não funcionou em termos ambientais e estaremos sentindo os efeitos disso por décadas ainda. O que eu digo é que Brasil, Índia e China não podem repetir esse modelo e encontrar tecnologias e padrões que garantam um desenvolvimento sustentável. Será de interesses desses próprios países desenvolver esse modelo. O que precisamos é de um novo estilo de vida para o mundo, inclusive com novos hábitos alimentares. Se eu pudesse dar uma recomendação, até pediria para o consumo de carne diminuir. Mas questões como o uso da água para irrigação e outros aspectos da vida precisam mudar.   Mas o governo brasileiro alega que pode custar caro e que não está na hora de limites serem colocados para o crescimento do País.   Os custos de mitigar os problemas não são tão grandes como dizem. Além disso, temos a capacidade técnica para implementar as medidas. É uma falácia dizer que milhões perderão empregos se exigências ambientais forem colocadas. Chegamos a um cálculo que mostra que o mundo precisaria de 0,6% do PIB mundial por ano para atacar os problemas. No total, necessitaríamos de menos de 3% do PIB. Acredito, portanto, que há espaços na economia para ajustar esses gastos, mesmos nos países emergentes. Caso contrário, todos sofreremos. Na América Latina, a produção de grãos pode cair em 30% até 2080 se nada for feito. Na África, a queda seria de 50% até 2020. O racionamento de água, que hoje afeta 12 milhões de latino-americanos, pode chegar a 81 milhões em 2020. Por isso, digo que precisamos usar nossos cérebros agora, para ver quais são as opções mais eficientes e que não gerariam tantas perdas à economia, para redefinir nossa estratégia de desenvolvimento nos países emergentes. O sr. vem alertando que a produção de etanol deve respeitar critérios ambientais e que não pode ocorrer sem um planejamento. Qual sua avaliação sobre a situação do etanol no Brasil?   Não quero entrar ainda mais nessa polêmica. Mas apenas posso dizer duas coisas : existe o etanol bom e o etanol mau. O que está sendo produzido no Brasil é o bom.

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