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Diretor do aeroporto de Coari admite não fiscalizar voos

Pista de Coari já havia sido fechada em 2006; 98% dos acidente aéreos em 2008 envolveram táxi-aéreos e jatos

Por Da Redação e com informações de O Estado de S. Paulo
Atualização:

O diretor do Departamento Aeroportuário de Coari, que administra o aeroporto de onde saiu o voo que caiu sábado em Manacapuru, Eufrázio Azevedo Filho, admitiu ontem que não existe nenhuma fiscalização de aeronaves no local, que é administrado pela Prefeitura e já havia sido interditado em 2006 pelas autoridades aeronáuticas por falta de segurança. Por mês, o aeroporto opera 180 viagens e transporta 3 mil passageiros. Veja também:FAB deve reassumir controle de aviação na Amazônia Confira a lista de passageiros e tripulantesTodas as notícias publicadas sobre o acidente  Dos 103 acidentes aéreos contabilizados em 2008, 98% envolveram aeronaves da aviação geral (táxi aéreo e jatos executivos). O panorama é tão preocupante que a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e o Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea) já preparam regras mais rígidas para o setor. A iniciativa, batizada de Decolagem Certa, tem o objetivo de vetar autorizações de voo para pilotos ou aviões cujas licenças estejam vencidas. O sistema informatizado, desenvolvido pela gerência regional do Nordeste, deverá estar instalado nos cerca de cem aeroportos públicos do País até maio. Azevedo Filho disse que "a responsabilidade de todo o controle de embarque e desembarque no aeroporto é das empresas aéreas, que só repassam as informações à diretoria do aeródromo". "O piloto (do Bandeirante que caiu, deixando 24 mortos) se responsabilizou pelo número de passageiros, dizendo que tinha condições de voo. Só soubemos que havia excesso de passageiros depois do acidente", disse. Em Coari não havia sido deixada nem lista de passageiros. "Quem contou os passageiros foi uma pessoa ligada ao empresário que fretou a aeronave", informou. O diretor, apesar de ser também o secretário adjunto de Defesa Social de Coari, também assume críticas feitas pela comunidade à própria administração - de que os donos das empresas usam a amizade com o prefeito local para não prestar informações à direção do aeroporto. "São burladas as regras de aviação." Agora, ele espera providências da Agência Nacional de Aviação Civil. "Com esse acidente, esperamos que a Anac tome providências." Em 2006, além da falta de fiscalização, a Aeronáutica detectou perigo direto para aeronaves e passageiros por causa de um lixão que ficava a menos de 2 quilômetros da pista. Agricultores que tinham plantações nas áreas próximas ainda usavam a pista como atalho para as propriedades - às vezes, andando pela pista em meio a pousos e decolagens. A prefeitura construiu muros de proteção e mudou o local de depósito de lixo para liberar o local. A Anac abriu ontem processo administrativo para averiguar as condições de segurança operacional da empresa Manaus Aerotáxi. A sindicância pode durar de um a seis meses, dependendo das dificuldades encontradas na averiguação. A Manaus Aerotáxi tem cadastrados na Anac seis aviões: dois modelos Turbo Commander, dois Bandeirantes (além do acidentado em Manacapuru) e um Xingu, aguardando liberação do Certificado de Aeronavegabilidade. A empresa opera desde 2003 e não havia, até sábado, registros de acidentes da Manaus Aerotáxi. A mais recente auditoria da Anac na empresa ocorreu em novembro e não foram constatadas irregularidades. Da mesma forma, a tripulação do turboélice que caiu no Rio Manacapuru estava com a documentação em dia.

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