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Eleição presidencial no Uruguai vai para o segundo turno

O candidato da coalizão governista de esquerda, Tabaré Vázquez, liderou a votação presidencial contra Luis Lacalle Pou

Por MALENA CASTALDI E ESTEBAN FARAT
Atualização:
Os candidatos à Presidência do Uruguai, Tabaré Vázquez e Luis Lacalle Pou Foto: Pablo Porciuncula/Miguel Rojo/AFP

O candidato da coalizão governista de esquerda, Tabaré Vázquez, liderou a votação presidencial do Uruguai no domingo, mas por pouco não garantiu a vitória no primeiro turno e vai disputar o segundo turno no mês que vem.

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Vázquez, da coalizão Frente Ampla, disse, à medida que os resultados eram divulgados a conta gotas, que provavelmente enfrentaria uma guerra de nervos contra o jovem candidato de oposição Luis Lacalle Pou, de centro-direita.

Pesquisas de boca de urna mostraram uma vitória no primeiro turno de Vázquez, com entre 44 e 46 por cento dos votos, comparados com 31 a 33 por cento de Lacalle Pou, do Partido Nacional.

A contabilização oficial ocorre lentamente mas, com cerca de 28 por cento dos votos apurados, Vázquez tinha 42,2 por cento de apoio, contra 34,7 por cento de Lacalle Pou.

Pedro Bordaberry, do Partido Colorado, cuja expectativa era que recebesse 14 por cento dos votos, rapidamente declarou apoio a Lacalle Pou, numa indicação de que o segundo turno em 30 de novembro poderia estar próximo.

Vázquez, de 74 anos, levou a Frente Ampla ao poder em 2005. Com uma mistura de políticas pró-mercado e medidas de bem-estar social que levaram a uma forte redução das taxas de pobreza, ele angariou um grande apoio, mas foi barrado pela Constituição de tentar a reeleição.

Seu aliado mais próximo, o atual presidente José Mujica, que vai deixar o poder, deu continuidade ao modelo, que permanece popular entre muitos.

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Mas outros se desencantaram com a escala das reformas sociais promovidas por Mujica, incluindo a legalização do aborto, do casamento gay e da produção e distribuição de maconha.

"Então agora nós matamos bebês e o Estado vai vender maconha", disse Adriana Herrera, uma pensionista de 68 anos. "Minha frustração não é só com as políticas de doações, mas também com as leis que tem sido aprovadas, que são terríveis para o país."

Lacalle Pou, de 41 anos, emergiu como um candidato forte após uma inesperada vitória nas primárias de seu partido, e fez uma campanha sobre uma plataforma calcada na mudança. Ele disse à Reuters na semana passada que tentaria, em caso de vitória, revogar a produção e venda de maconha sob supervisão do Estado.

ALIANÇA CONSERVADORA Bordaberry, do Partido Colorado, foi rápido em declarar apoio a Lacalle Pou no segundo turno, dizendo que ele possuía "os melhores valores" entre os dois concorrentes. "Vou trabalhar todas as horas dos próximos 34 dias para assegurar que Lacalle Pou vença no segundo turno", disse Bordaberry, filho de um ex-ditador, a seus apoiadores. Enquanto os mercados financeiros acreditam na robustez das políticas econômicas da Frente Ampla, alguns analistas dizem ser mais provável que Lacalle Pou, caso vença, governe em um ambiente econômico com déficit fiscal acima da meta e uma inflação próxima dos dois dígitos. Os eleitores também elegeram os parlamentares no domingo. Tanto a Frente Ampla como o Partido Nacional não devem obter uma maioria no Congresso, colocando um desafio ao próximo presidente, que deve ter mais dificuldades para aprovar leis do que teve Mujica.

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