Empresas vão a júri por queda do voo AF-447

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Por ANDREI NETTO e CORRESPONDENTE
Atualização:

A Justiça da França informou nesta quarta-feira, 2, a familiares de vítimas do voo AF-447 que encerrou a investigação sobre as causas do acidente no voo da Air France Rio-Paris. Segundo os juízes de instrução do caso, Air France e Airbus serão levadas a julgamento pelo Tribunal Correcional de Paris por homicídio involuntário. Na prática as empresas vão responder pelo acidente ocorrido no Atlântico em 31 de maio de 2009, que deixou 228 mortos.A reunião aconteceu na sede do Palácio de Justiça de Paris. Para que a decisão de enviar as duas companhias a julgamento seja concretizada, falta apenas que seja realizada a análise dos recursos impetrados em 14 de maio pela Air France e pelo Sindicato Nacional dos Pilotos de Linha (SNPL), que reclamam do relatório final da contrainvestigação realizada pela Justiça, a pedido da Airbus. O documento indica a responsabilidade dos pilotos após uma série de falhas técnicas decorrentes do congelamento das sondas de velocidade - os "tubos de pitot", que orientam os comandos eletrônicos de um Airbus A330.Famílias.Antes da reunião com os juízes, a presidente da associação de familiares de vítimas Ajuda Mútua e Solidariedade AF447, Danièle Lamy, pediu mais uma vez que nenhuma das duas empresas seja liberada de julgamento, por temer que a Airbus pudesse não ter seu indiciamento confirmado. "É preciso que a Airbus esteja no tribunal. Se eles se beneficiarem de uma anulação do processo, seria algo extremamente grave", afirmou. Para o advogado Yassine Bouzrou, que representa um grupo de familiares, a Justiça da França reuniu indícios sobre a responsabilidade pelo acidente. "Creio que há elementos suficientes hoje para que Airbus e Air France sejam condenadas por homicídio involuntário", disse.Empresas.Em nota oficial, a Air France reagiu às informações, afirmando que não teve acesso às acusações. A companhia lembrou que a lei oferece três meses a mais às partes para solicitar mais uma vez a suspensão do indiciamento, após o final da investigação. A companhia ressaltou que a Justiça ainda não se pronunciou sobre o primeiro pedido, feito em maio. Até o fim da noite desta quarta, a Airbus não havia se pronunciado sobre a decisão judicial.

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