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Enfraquecida, a Al-Qaeda escolhe o Iêmen

Por Gilles Lapouge
Atualização:

A tempestade da jihad desloca-se sem parar sobre o mapa do mundo e os meteorologistas do terror acabam de assinalar sua presença no Iêmen. A Al-Qaeda volta a atrair sobre si as atenções mundiais e o presidente Barack Obama a acusa de tramar novos ataques. O último foi o do jovem nigeriano que, por pouco, não explodiu um avião nos EUA. O desastrado terrorista havia treinado no Iêmen, onde recebeu o explosivo. Ausente ou adormecida, a Al-Qaeda terá encontrado novas energias? Os apelos de Bin Laden ao terror encontraram eco principalmente em lugares marginais, muito mal controlados pelos governos centrais. A Somália é um desses países. Entregues a bandos de terroristas e piratas, somalis viram nascer o movimento dos shebab ("os jovens"). Eles são 5 mil e privilegiam a exumação de cadáveres de hereges, amputações e lapidações, em nome da Sharia. Outro terreno da Al-Qaeda é a Argélia e o Saara. Ali, ela mantém a Al-Qaeda do Magreb Islâmico. No entanto, foram poucas suas ações bem-sucedidas. O Iêmen é mais perigoso. Em Guantánamo, havia 90 iemenitas. Alguns deles, libertados por Washington, voltaram à ação no Iêmen. Os americanos, que por muito tempo ignoraram esse país, agora lhe atribuem grande importância: nos dias 17 e 24, aviões não-tripulados atacaram jihadistas na região, matando 60 pessoas. Estaremos às vésperas de uma ampla ofensiva da Al-Qaeda nesses países periféricos? Os especialistas não acreditam. A Al-Qaeda estaria perdendo o fôlego. Incapaz de organizar atentados monstruosos, como os de Nova York, Londres e Bali, a organização ladra para que acreditemos que morderá, mas não tem mais muitos dentes. Seus crimes recentes não foram cometidos por grupos estruturados, mas por "lobos solitários". "Gostam de fazer uma encenação", diz o professor Jean-Pierre Filiu. "Investem na internet, onde exageram sua presença. Tentam se fortalecer provocando intervenções dos EUA. É o que fazem no Iêmen, uma armadilha grosseira. Lá, a Al-Qaeda é marginal e não ameaça o regime de Sanaa." Estaria sendo supervalorizada? Não. É possível que, nesses campos de batalha periféricos, a Al-Qaeda possa montar espetáculos sangrentos. Mas, principalmente, seu alvo está em outro lugar, no Paquistão, país que viu florescer o movimento no fim dos anos 80. *Gilles Lapouge é correspondente em Paris

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