
ROBERTA PENNAFORT, Agência Estado
27 Fevereiro 2014 | 18h45
Os galpões são improvisados, não têm altura suficiente para comportar os carros alegóricos, sofrem com falta de água, ventilação, luz nem cobertura adequada. Ficam em áreas degradadas do área central do Rio e não contam com policiamento (as escolas providenciam seguranças). Uma saída é reciclar alegorias de carnavais anteriores e usar materiais alternativos para reduzir os gastos. As escolas lançam mão também do trabalho voluntário de integrantes devotados.
Os desfiles da Série A custam, em média, R$ 1,5 milhão - um décimo dos carnavais mais caros do Grupo Especial deste ano. O Império Serrano e a Viradouro conseguiram patrocínios das cidades de Angra dos Reis e Niterói, retratadas nos enredos (os valores são mantidos sob sigilo). Ainda assim, são muitas as dificuldades. "Este barracão não é nada adequado. São 4,5 metros de altura, e tenho carros de 8 metros. Tenho que montá-los na rua. O telhado está falho e, quando o tempo vira, alguém corre para cobrir as falhas com plástico, caso contrário molha os carros todos", diz o carnavalesco do Império, Eduardo Gonçalves, sentado num toco de isopor.
"A Série A virou uma segunda divisão importantíssima, com transmissão pela TV, repercussão e interesse do público, mas a estrutura não acompanha", lamenta. Em 67 anos de história, o Império conseguiu o título nove vezes. Desde 2010 está no segundo grupo. Campeã em 1997, a Viradouro ficou sem barracão por quase todo o período carnavalesco. O seu antigo espaço foi interditado por causa das obras na zona portuária e, com isso, a escola perdeu todo o material que poderia ter sido reaproveitado - um prejuízo de cerca de R$ 100 mil.
"Tivemos que trabalhar na rua mesmo. Criamos um carnaval em dois meses, pois fomos expulsos do barracão pela Prefeitura. Ainda assim, será um desfile digno", conta o carnavalesco João Vitor Araújo. A Caprichosos, escola fundada em 1949, passou só um ano na Cidade do Samba, onde desfrutou de barracão de quatro andares, com espaços separados para a construção e montagem dos carros, além de refeitório, almoxerifado e salas de reuniões. Cada galpão tem doze metros de pé direito.
"As exigências para a Série A são altas, pois temos que disputar um espaço no Grupo Especial. A sorte é que a comunidade não nos abandona. No nosso barracão pelo menos não chove dentro", brinca Amauri Santos, carnavalesco da Caprichosos. A Prefeitura estuda a criação de uma Cidade do Samba 2 para as escolas da Série A, mas ainda não há nada certo.
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