Ex-diretor do Ilume tem sigilo quebrado

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Por Diego Zanchetta e FAUSTO MACEDO E RODRIGO BURGARELLI
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A Justiça decretou a quebra do sigilo bancário do ex-diretor do Departamento de Iluminação Pública (Ilume) Paulo Candura e de duas empresas das quais ele teria recebido pagamentos - Consladel Construtora e Trópico Equipamentos Elétricos. Segundo o Ministério Público do Estado, Candura apareceu em uma "lista de propinas" pagas pela Trópico para facilitar o direcionamento de licitações públicas e realizar consultorias personalizadas para as empresas.A ação foi proposta pelo promotor Silvio Antonio Marques, que agora vai analisar os documentos recebidos com a quebra do sigilo para continuar as investigações. Candura, que é funcionário concursado do Ilume desde 1991 e ocupou a direção do órgão entre 2005 e 2006, na gestão de José Serra (PSDB), e entre 2009 e 2010, na gestão Gilberto Kassab (PSD), nega ter recebido qualquer valor das empresas. "As denúncias são improcedentes", afirmou seu advogado, Paulo Porto Fernandes. A reportagem não conseguiu contato ontem com representantes das empresas.A Consladel já está sendo investigada por participar da suposta "máfia dos radares" - esquema em que ganharia licitações viciadas para operar os dispositivos em diversas cidades do País. Tanto ela quanto a Trópico têm como sócio o empresário Labib Faour Auad. Foi seu irmão, Gilberto Faour Auad, quem denunciou o suposto esquema que envolve a Prefeitura de São Paulo, após ser desligado das empresas por determinação de Labib, em 2006. Segundo Gilberto, as empresas mantinham um "caixa 2" contábil usado para pagar propinas a funcionários públicos, que incluíam nos editais de licitação cláusulas para facilitar a vitória da Consladel e da Trópico. Foi ele quem mencionou, em depoimento, os pagamentos a Candura, dizendo que o ex-diretor "frequentava a empresa para fornecer orientações técnicas acerca dos produtos e recebia uma espécie de ?premiação?" por isso.Outra testemunha, Nelson Iokoi, ex-administrador financeiro da Trópico, também afirmou que recebia ordens para levar "aquele dinheiro do Paulo Candura". Uma planilha de pagamentos da Trópico datada de 2001 - época em que Candura era funcionário do Ilume, mas não ocupava cargo de chefia - e identificada pela Promotoria como uma das "listas da propina" traz o nome de Candura duas vezes, o que corresponderia a um valor de R$ 2,7 mil.ProvaO advogado de Candura afirmou que não houve nenhum tipo de consultoria. "Essa lista é um xerox, não é prova a ser considerada. E os depoimentos são de uma pessoa que foi demitida, em briga de irmãos", defendeu Fernandes. Segundo ele, não havia necessidade de entrar com a ação para quebra do sigilo, pois Candura se dispôs a informar tudo o que o MP julgasse ser necessário. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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