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Exército de Burkina Fasso impõe governo interino após multidão queimar Parlamento

Por MATHIEU BONKOUNGOU E JOE PENNEY
Atualização:

O Exército de Burkina Fasso dissolveu o Parlamento e anunciou um governo de transição nesta quinta-feira depois de violentos protestos contra o presidente do país, Blaise Compaoré, mas não ficou imediatamente claro quem está no comando. O chefe do Exército, general Honore Traore, disse que um novo governo vai ser instalado após consulta com todos os partidos políticos e levará o país a uma eleição dentro de 12 meses. Ele também anunciou um toque de recolher durante a noite. A mudança ocorreu depois que dezenas de milhares de manifestantes encheram as ruas de Ouagadougou nesta quinta-feira para exigir a saída de Compaoré, atacaram o Parlamento, atearam fogo no edifício e saquearam a televisão estatal. Pelo menos três manifestantes foram mortos a tiros e dezenas de pessoas ficaram feridas quando as forças de segurança abriram fogo contra a multidão. "Dada a necessidade de preservar o país do caos e preservar a unidade nacional... a Assembleia Nacional está dissolvida, o governo está dissolvido", disse Traore em entrevista coletiva. No entanto, ele se recusou a dizer se Compaoré, cuja tentativa de estender seu governo de 27 anos provocou meses de tensão no país sem saída para o mar, continuava como chefe de Estado. A Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) afirmou mais cedo nesta quinta-feira que não aceitaria qualquer tomada de poder por meios não-constitucionais, o que sugere pressão diplomática para deixar Compaoré no cargo. Antes do anúncio dos militares, o presidente emitiu seu próprio comunicado anunciando um estado de emergência a ser executado pelo Exército e pedindo um diálogo com a oposição. Os protestos foram desencadeados pela tentativa do governo de promover uma mudança constitucional no Parlamento para permitir que o presidente de 63 anos tente a reeleição no ano que vem. Grandes manifestações também aconteceram em Bobo Dioulasso, a segunda maior cidade de Burkina Fasso, e Ouahigouya, no norte do país. (Reportagem adicional de Daniel Flynn, David Lewis e Bate Felix, em Dacar; de Joe Bavier e Ange Aboa, em Abidjan; e de John Irish, em Paris)

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