Festa do Bonfim homenageia vítimas da tragédia no Rio

PUBLICIDADE

Por Tiago Décimo
Atualização:

A Festa do Bonfim, maior celebração religiosa da Bahia, realizada na manhã de hoje, em Salvador, prestou homenagens às vítimas dos deslizamentos de terra ocorridos na região serrana do Rio. Antes das comemorações, iniciadas às 8h30, com um culto inter-religioso no adro da Igreja da Conceição da Praia, foi feito um minuto de silêncio em memória aos mortos na tragédia, pedido pelo padre Valson Santos Sandes. Ao fim do percurso de oito quilômetros, os milhares de fiéis que chegavam à Praça do Bonfim, na frente da Basílica de Senhor do Bonfim, reuniram-se para uma oração pelas vítimas. A homenagem foi comandada pelo reitor da basílica, padre Edson Menezes, que recebeu os fiéis da janela central do templo, onde também foi colocada a imagem que deu origem ao culto ao Senhor do Bonfim na cidade, há 271 anos.O governador baiano, Jaques Wagner, que percorreu todo o trajeto, também lembrou a tragédia. "É o momento de também pedir por aquelas pessoas para que tenham paz e conforto", disse, na caminhada. O cortejo, puxado por um grupo de 200 baianas tipicamente trajadas, reuniu cerca de 250 mil pessoas, segundo a Polícia Militar, das quase 1 milhão que acompanharam a celebração na Cidade Baixa. No trajeto, muitas tradições foram mantidas, como o desfile do bloco dos Filhos de Gandhy e a formação de grupos de partidos políticos, capitaneados por seus principais nomes no Estado. Duas ausências, porém, foram marcantes. Os jegues, que desde o início da celebração ajudavam a carregar os jarros de água de cheiro, com a qual as baianas lavavam a igreja, foram proibidos de participar do desfile por determinação da Justiça - que acolheu pedido de organizações de defesa dos animais. Além deles, o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), não esteve presente. Pela primeira vez desde que assumiu a administração municipal, em janeiro de 2005, ele não participou de nenhum momento do desfile. A assessoria alegou que o prefeito estava em Brasília, cumprindo agenda administrativa, mas comenta-se que o real motivo para a ausência foi a tentativa de fugir de eventuais protestos que pudessem ocorrer.Em conflito com seus colegas de partido, João Henrique lida com uma série crise financeira na administração municipal. O vice, Edvaldo Brito (PTB), que o representou no cortejo, brincou com a situação. "Vim pedir ao Senhor do Bonfim para que ajude a cidade a resolver esses problemas", disse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.