Fotos de política espancada provocam queixa na Nigéria

Autoridades regionais dizem que imagens violam regras muçulmanas sobre nudez.

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Por Da BBC Brasil
Atualização:

Fotos dos ferimentos de uma política nigeriana espancada por um parlamentar foram publicadas por um jornal do país e provaram reclamações no Estado de Kano, predominantemente muçulmano. Habiba Garba disse à BBC que decidiu publicar as fotos em que aparece em uma cama de hospital mostrando os ferimentos porque gostaria que todos vissem a realidade da violência contra mulheres no norte da Nigéria. "Quero mostrar às pessoas do mundo todo o que aquele homem fez comigo", disse Garba. A política foi espancada por Labaran Abdu Madari na frente da polícia e de testemunhas na semana passada. O parlamentar está preso e aguarda acusação formal. As autoridades do Estado de Kano afirmam que receberam reclamações depois da publicação das fotos porque as imagens desrespeitam as regras muçulmanas a respeito de nudez. As fotos foram publicadas no jornal estatal Triumph. Segundo o correspondente da BBC em Kano, Mustafa Muhammad, o jornal tem circulação limitada e poucas pessoas no Estado nigeriano ouviram falar do incidente. Mas o correspondente acrescenta que o jornal poderá ser pressionado pelo governo estadual para que as fotos não sejam mais publicadas. Privacidade Na segunda-feira, o Triumph publicou as imagens dos ferimentos de Garba, mostrando a área logo abaixo da axila e as cicatrizes em seu tronco. "Um grupo de defesa dos direitos das mulheres veio ao governo para reclamar que seus direitos tinham sido desrespeitados pela publicação", disse Yau Sule, porta-voz do governo estadual de Kano. A foto mostra partes do tronco nu de Garba e, como a publicação de nudez é proibida segundo a lei islâmica, a foto viola o direito à privacidade. O governo afirmou que vai investigar se o jornal pediu o consentimento da política para a publicação. "Se os direitos dela não foram desrespeitados, então vamos retirar (as reclamações)", disse Sule. Sharia Kano é um dos 12 Estados nigerianos de maioria muçulmana que implantaram a lei da Sharia desde o retorno da Nigéria ao governo civil em 1999. Habiba Garba, uma das líderes do Partido do Povo de Toda a Nigéria (ANPP, na sigla em inglês), alega que o parlamentar que a espancou, do Partido Democrático do Povo, iniciou uma campanha de intimidação contra ela. Segundo a política, Labaran Abdu Madari pagou para que jovens a seguissem e importunasse depois que ela saiu do partido dele. Garba afirma que os jovens a chamaram de "prostituta" e a ameaçaram fisicamente. Na semana passada, ela foi até a polícia, que prendeu um dos jovens. Madari ficou sabendo da prisão e, segundo depoimentos de testemunhas à BBC, espancou Garba violentamente dentro da delegacia. Preso, o parlamentar não tem direito à fiança e vai comparecer a uma audiência no começo de março. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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