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Futebol ajuda crianças especiais de Miami a dar um olé no preconceito

O uruguaio Oscar Amuz é técnico de mais de 100 meninos e meninas e conta com a ajuda de brasileiros

colunista convidado
Por Chris Delboni
Atualização:

O futebol está cada dia mais presente na vida dos moradores de Miami e, agora, pode se tornar uma atração especial para crianças com deficiência que se preparam para os campeonatos da Special Olympics Florida - Miami-Dade County, no início do ano que vem.

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Isso graças ao sonho de um uruguaio, que conta com a ajuda de alguns brasileiros.

Oscar Amuz, hoje com 42 anos, sempre foi um amante do futebol. Ele chegou a jogar profissionalmente num time da primeira divisão da Bolívia, mas nunca conseguiu fazer carreira.Agora em Miami, ele está usando sua paixão para transformar a vida de crianças e adultos com necessidades especiais, como autismo e síndrome de Down.

 

 

 

No ano passado, ele fundou uma ONG, Hope for Autism, United for Soccer Foundation, para simplificar, mais conhecida como Autism Soccer.

"Quando comecei, trabalhava com crianças autistas.Mas hoje tenho crianças com paralisia cerebral, síndrome de Down e outras deficiências", diz Oscar. "Todos são bem-vindos."

A ideia começou quando Oscar trabalhou no departamento de parques e recreação da cidade de Miami Lakes, onde mora. Ele percebeu que na sessão de esportes infantis não havia muita opção para crianças excepcionais. "Vi que estavam sendo rejeitadas", conta.

Ele investiu US$ 400 para comprar as bolas e outros equipamentos necessários e passou a oferecer aulinhas de futebol para essas crianças num parque da cidade. O projeto foi tomando vulto e, em pouco tempo, eram 20 crianças.

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Foi aí que surgiu a ideia de abrir uma fundação. Seu primeiro anjo da guarda foi o brasileiro Leandro Pedro, de 30 anos, que tem uma loja de eletrônicos no centro de Miami. 

Leandro Pedro (esq) é um dos anjos da guarda da ONG "Autism Soccer" de Oscar Amuz (dir) Foto: Chris Delboni

Leandro financiou toda a documentação da ONG e, sempre que Oscar precisa de uma ajudazinha, ele e sua família não hesitam.

"Nunca tinha tido experiência com crianças autistas - que são crianças inteligentes, carinhosas, porém não podem assimilar muito quem é você", diz, emocionado. "Isso é o que mais tocou a mim e a minha esposa.Foi quando a gente começou a se dedicar mais.A gente acredita muito que é doando que a gente recebe."

Oscar hoje é técnico de mais de 100 crianças em diferentes partes da cidade e espera desenvolver novos programas para aumentar o número de participantes.Ele coordena práticas em dois parques, prepara crianças e adultos para os jogos de "Special Olympics" e visita uma vez por semana uma escola para crianças especiais - Early Beginnings Academy.

E é nessa escola que Jayden John Silva, de 7 anos, filho do carioca Ricardo Silva, está aprendendo a jogar futebol. "Com 2 anos, ele já estava chutando bola, brincando", diz Silva.

Oscar Amuz bate uma bola com Jayden durante a aulinha de futebol Foto: Toddy Toddy Holland/Jade Matarazzo Photography

Jayden tem síndrome de Down e o futebol ajuda no seu desenvolvimento, explica o pai.

"Através do futebol, você acaba desenvolvendo outras funções: entende melhor as coisas, vê de um outro ângulo. Não é só brincar, mas ajudar o amiguinho que está jogando com ele", diz. "É uma coisa legal, bem interativa."

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Para jogar nos campeonatos da Special Olympics, Jayden tem que esperar mais um ano - precisa fazer 8.Mas Silva diz que, logo que puder, seu filho vai participar.

Jayden adora quando o pai vai assisti-lo jogar futebol Foto: Toddy Holland/Jade Matarazzo Photography

Em 2015, o Autism Soccer vai ser um dos 125 programas de treinamento registrados oficialmente com Special Olympics Florida - Miami-Dade County, afirma Mark E. Thompson, diretor da entidade, que reúne 17 esportes e 30 competições durante o ano.

Oscar é o presidente do comitê do programa de futebol, Soccer Program Committee for Special Olympics Florida - Miami-Dade County.

O treinamento dos jogos de futebol para a competição Special Olympics Soccer Training and Competition (Special Olympics Treinamento e Competição de Futebol) vai de janeiro a fevereiro e os torneios entre março e abril.Thompson espera em torno de 300 crianças e 15 times.

Atualmente, uma das metas de Special Olympics é desenvolver mais os esportes coletivos.

"Oscar vai nos ajudar muito com isso", diz ele.

A fonoaudióloga Cindy Scorpo-Lucas, que trabalha como voluntária na ONG do Oscar, concorda e diz que essas crianças precisam muito dessas atividades.

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"Acho muito importante para a comunidade. Há muitos pais que buscam atividades para suas crianças [especiais] e não encontram, como caratê, dança", explica. "Futebol mexe com todo o sistema - corporal, social, físico, sensorial- essas crianças precisam disso."

E, com simplicidade, dedicação e persistência, Oscar espera poder proporcionar isso. 

"Não tenho Ph.D, não tenho muita coisa.Só quero a oportunidade de ajudar essas crianças", conclui."A vida não é fácil mas tampouco é difícil."

 Esta é a nossa última coluna de 2014 e aproveitamos para desejar a todos um Feliz Ano Novo regado de amor, paz e saúde! Voltaremos com novidades no início de 2015!

Serviço- Para doações ou mais informações sobre Autism Soccer, visite http://autismsoccer.org ou mande e-mail para Oscar Amuz (amuz@autismsoccer.org) (inglês e espanhol).

- Para informações sobre Special Olympics Florida - Miami-Dade County, visite http://specialolympicsmiamidade.org ou no Facebook: http://facebook.com/specialolympicsmiamidade

 Twitter @chrisdelboni

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