Hong Kong alerta manifestantes a não voltarem após confrontos fecharem sede do governo

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Por CLARE BALDWIN E JAMES POMFRET
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Milhares de ativistas pró-democracia em Hong Kong forçaram o fechamento temporário da sede do governo nesta segunda-feira após confronto com a polícia, desafiando ordens para se retirarem das ruas após mais de dois meses de manifestações na cidade controlada pela China.  O líder de Hong Kong, Leung Chun-ying, disse que a polícia havia sido bastante tolerante, mas que agora tomaria uma “ação resoluta”, sugerindo que a paciência pode ter se esgotado. O caos irrompeu à medida que as pessoas chegavam para trabalhar, com centenas de manifestantes cercando o Admiralty Centre, que abriga escritórios e lojas, em um grande impasse com a polícia. As sedes do governo central e da assembleia municipal foram forçadas a fechar as portas pela manhã, assim como boa parte do comércio. O mais recente confronto, durante o qual a polícia avançou contra os manifestantes com cassetetes e spray de pimenta, salientou a frustração dos manifestantes com a recusa de Pequim de ceder a reformas eleitoras e garantir maior democracia para a ex-colônia britânica.  “Algumas pessoas confundiram a tolerância da polícia com fraqueza”, disse Leung a repórteres. “Eu peço aos estudantes que estejam planejando retornar para os locais de ocupação nesta noite que não o façam." Ele não respondeu quando questionado se a polícia faria um operação para liberar esses locais nesta segunda-feira. O movimento pró-democracia representa uma das maiores ameaças à liderança do Partido Comunista da China desde a sangrenta repressão de Pequim contra manifestantes a favor da democracia na Praça da Paz Celestial, em 1989. Centenas de policiais da tropa de choque dispersaram as multidões durante a noite (horário local), forçando os manifestantes a recuar com spray de pimenta e cassetetes.  Diversos médicos voluntários atenderam dezenas de feridos, alguns dos quais estavam inconscientes e outros com sangue no rosto. A polícia informou que pelo menos 40 prisões foram realizadas.  À medida que a polícia enfrentava manifestantes no Almirantado, as tensões cresceram ao redor do porto no distrito de Mong Kok, que havia sido cena de confrontos violentos nas últimas semanas antes da liberação de um grande acampamento de manifestantes na última quarta-feira. Os protestos de Hong Kong chegaram a reunir mais de 100 mil pessoas nas ruas em seu ponto alto. Os números caíram desde então, assim como o apoio público às manifestações.  (Reportagem adicional de Diana Chan, Kinling Lo, Clare Jim, Michelle Chen e Ben Blanchard em Pequim)

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