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Lula não sabia e não tratava de dinheiro no mensalão, diz Costa Neto

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Por Redação
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O deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), condenado por três crimes pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do chamado mensalão, afirmou nesta terça-feira que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não sabia da troca de dinheiro por apoio parlamentar ao seu governo e não lidava com essa questão após sua eleição, em 2002. O atual deputado, que presidia o extinto PL à época do mensalão, também afirmou que o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino não tratavam da questão financeira com outros partidos. O chamado mensalão, escândalo deflagrado em 2005 no primeiro mandato de Lula, foi denunciado como um esquema de compra de apoio parlamentar ao governo e está em julgamento no STF desde o início de agosto. Dirceu e Genoino são réus do processo. "Após a eleição, após a posse, o Lula e muito menos o Zé Dirceu, nunca mais tocaram em assunto de... O Lula já não tinha tocado. O Zé Dirceu, que eu tratei da coligação do PT e PL, ele nunca, depois que assumiu a Casa Civil, tratou de assunto de dinheiro comigo. Era tudo com o Delúbio", disse o deputado a jornalistas, referindo-se ao ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, também réu na ação no STF. "E nunca também (tratei) com o Genoino. O Genoino não sabe nem o que é dinheiro", afirmou, limitando-se a responder um "não" ao ser questionado se Lula sabia do esquema. Em setembro, reportagem da revista Veja, que teve como base fontes não reveladas, sustentou que o empresário Marcos Valério -- principal operador do suposto esquema-- teria dito a pessoas próximas que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "era o chefe" e "comandava tudo". O deputado afirmou que até 2002 era comum a prática de caixa dois, movimentação de dinheiro não contabilizado, nos partidos. Réus do mensalão têm sustentado a tese de que o esquema, na verdade, consistia em caixa dois, mas a maioria dos ministros da Suprema Corte tem entendido que houve compra de apoio político. "Até 2002, todo mundo trabalhava com dinheiro por fora (caixa dois). ..era uma prática comum no Brasil", afirmou. Costa Neto também negou ter a intenção de se beneficiar por uma delação premiada e afirmou que estuda recorrer a cortes internacionais, possivelmente à Corte Interamericana de Direitos Humanos, para que o STF considere a hipótese de reavaliar seu caso. Ele argumenta que qualquer réu tem direito a ser julgado em mais de uma instância ou em mais de uma oportunidade. O deputado federal sustentou ainda que manterá seu mandato até a conclusão de todo o processo, embora o STF já tenha se posicionado por sua condenação pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. "Não sou inocente. Mas também nunca vivi de lavagem de dinheiro, corrupção ou formação de quadrilha. Apenas fui condenado pelo crime errado", disse Costa Neto, explicando ter cometido o crime de caixa dois. Para evitar cassação, em 2005, Costa Neto renunciou ao mandato de deputado pelo PL. (Reportagem de Maria Carolina Marcello)

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