Mortes no trânsito se igualam a homicídios em SP

A taxa de homicídios por 100 mil habitantes, que era de 63,71 em 2001, caiu para 17,79 em 2007

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Por Redação
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Em São Paulo, a probabilidade de ser assassinado é praticamente a mesma de morrer em um acidente automobilístico. Em 2001, para cada morte no trânsito de São Paulo aconteciam pelo menos quatro homicídios. Hoje, a proporção é de um para um, segundo um levantamento feito pela Secretaria Municipal de Saúde. Enquanto os homicídios caíram 71,15% (de 6.683 para 1.928), os acidentes de trânsito avançaram 9,63%, passando de 1.681 para 1.843 no mesmo período. O secretário Municipal dos Transportes e presidente da Companhia de Engenharia e Tráfego (CET), Alexandre de Moraes, culpa o aumento na frota que circula pelas ruas de São Paulo. "A partir do momento em que se aumenta o número de veículos, logicamente acaba havendo reflexo nos acidentes." Mas ao ser questionado se a Prefeitura tem algum projeto para reduzir os índices, Moraes virou as costas e não respondeu à pergunta. A taxa de homicídios por 100 mil habitantes, que era de 63,71 em 2001, caiu para 17,79 em 2007, praticamente igual à taxa de mortes no trânsito: 17,01. No mesmo período, a frota de veículos da capital aumentou 33,9% - de 4 milhões para 5,3 milhões. Mas o acréscimo na frota desde o início do governo Serra/Kassab foi de 18,57%, enquanto o número de acidentes só nesse período avançou 26,57%. Para especialistas, o aumento da frota não é um fator que contribui para as mortes. Segundo o médico Mauro Taniguchi, coordenador do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade de São Paulo (PRO-AIM), "mais carros nas ruas emperram o trânsito e até diminuem a velocidade, reduzindo a mortalidade." O problema, segundo ele, é o relaxamento em relação ao Código Nacional de Trânsito. A entrada em vigor do código, em 1997, ocasionou uma drástica queda no número de mortes no trânsito de São Paulo. Em 1996, esse número chegou a 1.907. Com o código em pleno funcionamento, em 1998 houve queda de 36,96%, para 1.202 mortes. Essa estatística seguiu estável até 2004, quando foram registradas 1.172 mortes. Mas, em 2007, o total chegou a 1.427, o maior desde 1996, indicando o relaxamento detectado por Taniguchi. Os números levam em conta apenas os residentes em São Paulo.

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