MPF age para 'endireitar atos tortuosos dos que desviam dinheiro público'

Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, diz que o momento no Brasil 'não é de conforto'

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Foto do author Amanda Pupo
Por Carla Araujo , Rafael Moraes Moura , Amanda Pupo (Broadcast) e Igor Gadelha
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BRASÍLIA - A Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, afirmou há pouco, durante discurso em sessão solene de abertura do ano do Judiciário, que o momento no Brasil "não é de conforto, nem de conveniência, mas de grandes desafios e de profundas controvérsias".  + 'É inadmissível e inaceitável desacatar a Justiça', diz Cármen em abertura do ano Judiciário + Em discurso no STF, Claudio Lamachia frisa necessidade de independência do Judiciário Indicada pelo presidente Michel Temer, que estava presente na cerimônia, Raquel - que tem incomodado o Planalto com iniciativas como a ofensiva contra o indulto - disse ainda que MPF age firmemente para "endireitar os atos tortuosos dos que desviam dinheiro público".

Sessão solene de abertura do ano do Judiciário não contou com discurso do presidente da República, Michel Temer, e do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. Foto: Nelson Jr./SCO/STF

 

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Sem fazer referências a nenhum caso, como o do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que tenta evitar a prisão após condenação em segundo grau, Raquel disse ainda que o Ministério Público tem agido com o propósito de buscar resolutividade. "É necessário avançar, para depurar problemas crônicos. Como instituição de justiça, o Ministério Público tem agido e pretende continuar a agir com o propósito de buscar resolutividade, para que a justiça seja bem distribuída; para que haja o cumprimento da sentença criminal após o duplo grau de jurisdição, que evita impunidade", disse.

 

Raquel, que tem sido vista pelo governo como em sintonia com a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lucia, destacou ainda que "as instituições do sistema de justiça estão funcionando de modo independente e que trabalham arduamente". A PGR disse que cabe a Suprema Corte "corrigir eventuais erros, reparar situações de injustiças". "Tudo isso é necessário, mas ainda não é suficiente, pois é preciso garantir efetividade: as decisões judiciais devem ser cumpridas, os direitos restaurados, os danos reparados, os problemas resolvidos e os culpados precisam pagar por seus atos. Só assim afasta-se a sensação de impunidade e se restabelece a confiança nas instituições", completou.

 

Para a PGR, os brasileiros estão observando as decisões dos órgãos de justiça com atenção e isso faz com que o MP aja em nome do interesse público. "Vivenciamos os brasileiros a dura realidade de aumento da violência urbana, de corrupção ainda disseminada, de crise nas prisões e de sentimento de impunidade", disse. "A efetividade da justiça é um valor importante para os brasileiros. Sua ausência ocasional gera uma forte sensação de impotência e de insatisfação, mas sua ausência duradoura provoca danos para a sociedade e para a democracia."

 

Para ressaltar a necessidade de celeridade no trabalho do judiciário, Raquel citou a frase de Martin Luther King, de que "injustiça em um lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar", e afirmou que "a experiência de uma realidade dolorosa, para muitos brasileiros, reclama urgência de resultados e uma justiça que não tarde". 

 

Raquel lembrou os 30 anos da Constituição brasileira e citou Ulisses Guimarães ao afirmar que a corrupção é o cupim da República."Não roubar, não deixar roubar, por na cadeia quem roube, eis o primeiro mandamento da moral pública", lembrou, destacando que o STF "é e deve ser sempre a luz da Constituição".

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