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Músico é o primeiro corretor brasileiro da Imobiliária Trump

Após vender US$ 25 milhões em imóveis nos Estados Unidos, o paulista Frederico Gouveia, de 32 anos, planeja triplicar números

colunista convidado
Por Chris Delboni
Atualização:

A música entrou na vida de Frederico Gouveia antes mesmo do seu nascimento. A trilha sonora durante sua gravidez foi o som do piano que sua mãe tocava enquanto dava aula numa tradicional escola paulista. Quando nasceu, sua canção de ninar favorita era Fascinação, tanto que um dia, ao cantarolar “és fascinação...”, sua mãe pausou, achando que ele estava dormindo, mas tomou um susto quando viu o bebê no carrinho de olhos abertos, finalizando a frase em voz alta, “...amor”. Foi sua primeira palavra na vida.

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E assim foi crescendo sua paixão pela música, tanto que, aos 9 anos, já tirava as letras de ouvido. Mas nunca pensou em seguir a carreira de músico – não até os 14 anos, quando a família se mudou para Miami. Fred começou a estudar na Miami Country Day School, uma escola particular que obrigava os alunos a escolherem uma matéria no campo da arte. Um dos programas era uma orquestra sinfônica, e foi aí que resolveu transformar sua paixão numa profissão. “Despertei meu entusiasmo pela música e me encantei com a maestria”, conta.

Frederico passou a estudar violino e a reger os concertos da orquestra da escola, sempre gerando aplausos e cultivando o respeito e admiração de professores, colegas e musicólogos. Com 15 anos, participou como maestro numa competição estadual de orquestras da Flórida. Quando chegou a vez da sua nota, Philip H. Fink, um dos jurados e grande crítico de música, não deu nota nenhuma. Só escreveu bem grande na ficha: “Don’t stop conducting” (“não pare de reger”).

“Até emoldurei,” diz Fred. “Havia estudado por três meses e decorei a partitura para poder reger sem ficar lendo, para poder interagir com os músicos olhando nos olhos.” 

E é com esse mesmo espírito de eterno aprendiz, de persistência e determinação que esse músico paulista segue sua vida.

Mas hoje, aos 32 anos, depois de se formar pela faculdade de música Frost School of Music, da Universidade de Miami, e conquistar inúmeras experiências de sucesso no ramo, Fred colocou sua paixão um pouco de lado, temporariamente, e aceitou um novo desafio da vida.

“Em algumas fases na vida, certas prioridades têm que vir em primeiro lugar, então no momento foi a prioridade de ganhar dinheiro, pagar as contas, e graças a Deus aproveitar que os brasileiros estão investindo – minha família já faz isso há tantos anos, por que não unir o útil ao agradável?”

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Assim como sua mãe, Yara Gouveia, que de professora de música em São Paulo se tornou uma das mais bem sucedidas corretoras de imóveis de Miami, Fred entrou no ramo imobiliário há dois anos e acaba de ser contratado por uma das empresas do magnata Donald Trump para ajudar na expansão da corretora Trump International Realty e na captação de clientes brasileiros.

Músico brasileiro ao lado da mãe Foto: Toddy Holland

“Eu estava querendo um ambiente de trabalho onde eu pudesse ter uma interação mais direta com as pessoas que tomam as decisões e fazem inovações no mercado”, diz ele. “A Trump está sempre na vanguarda.”

Fred é o primeiro corretor brasileiro contratado pela Trump Realty e a expectativa é grande. Nos seus dois anos como corretor da imobiliária Corcoran, em Nova York, ele vendeu US$ 25 milhões em imóveis. Sua meta agora é triplicar esse valor e contribuir para o crescimento da Trump no eixo Nova York-Miami-América Latina. “Com Frederico agora na nossa equipe, estamos dando mais um passo para nossa expansão global, que é uma prioridade da marca Trump”, diz Bill Cunningham, presidente da Trump International Realty. “Fred traz um alto nível de profissionalismo e ética para o setor imobiliário.” Sua mudança de Miami para Nova York ocorreu em 2007, quando foi contratado para administrar a Orquestra Filarmônica das Américas, fundada pela regente Alondra de la Parra. Chegaram a se apresentar no Kennedy Center, em Washington, e serem recebidos na Casa Branca, pelo então presidente George W. Bush e a primeira-dama.

Mas, apesar das oportunidades na arte, ele passava por um momento pessoal delicado e determinante nas suas decisões futuras. Seu pai tinha falecido no ano anterior. E essa perda, que além de emocional teve um grande impacto financeiro para a família, representou uma das maiores lições de vida que Frederico carrega no seu coração até hoje.

“Aprendi a dar valor para aquilo que tenho. A gente nunca sabe se amanhã vai deixar de ter”, diz. “Passei pela experiência de ter crescido num ambiente com muita prosperidade, ter perdido tudo, estou vendo como a vida é de ciclos.” 

Mas foi naquele momento também que Fred se tornou uma pessoa ainda mais determinada, e encontrou o equilíbrio entre um homem pragmático, empreendedor e a pessoa sensível e criativa que vem de sua essência artística e musical.

E encontrou também a fé na doutrina espírita.

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“Quando você se vê diante de uma limitação tão grande, bate um desespero e foi aí também que acabei construindo um pouco minha fé, uma relação interna comigo e com Deus”, diz. “Os valores espíritas me ajudaram a enxergar as pessoas com quem estou lidando não só olhando nos olhos e vendo, você é esta pessoa, mas entendendo que você está esta pessoa.” 

Frederico diz que assim ele olha o ser humano, seja quem for, com “respeito e admiração”. Pode ser um cliente comprando um apartamento milionário nos Estados Unidos ou um senhor num asilo ou internado numa clínica para deficientes mentais que Fred e o grupo de música Caravana do Amor visitam aos domingos.

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Um dos momentos mais comoventes de sua vida foi quando sentiu diretamente o impacto positivo de sua música durante uma dessas visitas. “Tinha sempre um senhor que nunca levantava, nunca falava, e só ficava com a cabeça baixa, olhando com muita tristeza. A gente via que tinha lucidez nos olhos, mas uma total incapacidade de se manifestar por causa das deficiências mentais e físicas dele”, conta Fred. “Toda vez que ia me despedir, ele só mexia um pouco com a cabeça, mas um dia acho que eu devia estar mais inspirado, mais compenetrado, e fechei os olhos para tocar a música final no violino. Quando abri os olhos, a primeira pessoa que fui me despedir foi dele. Ele pegou com as duas mãos na minha e olhou no fundo dos meus olhos – e senti que ele me disse muito obrigado. Ele não falou nada, mas a profundidade daquele olhar nunca vou esquecer, o que eu senti naquele olhar não tem palavras.”

E é assim com emoção e dedicação que Fred toca sua vida, seja como violinista, maestro, administrador de orquestras e agora corretor da Trump.“Os caminhos que a gente persegue na vida para atingir nossos objetivos, às vezes, dão umas curvas, uns desvios, mas a gente acaba sempre, mais cedo ou mais tarde, voltando para aquilo que nosso coração mais anseia. Eventualmente, eu volto para música”, diz. 

Twitter @chrisdelboni

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