No centro do Rio, um morro está em alta

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Por Antonio Pita
Atualização:

A nova fronteira da valorização imobiliária no Rio de Janeiro está longe das praias e do luxo da Lagoa, Leblon ou da Barra. É entre o centro da cidade e o porto, regiões em franco processo de revitalização, que uma nova aposta está sendo desenhada: o Morro da Providência. Considerada pelos historiadores uma das primeiras favelas do País, a comunidade recebe investimentos de R$ 131 milhões em urbanização. Com os recursos veio também o aumento dos preços, que fez o aluguel de imóveis antigos, pontos comerciais e sobrados irregulares subir até 120% nos últimos dois anos. Os primeiros sinais da escalada são sentidos pelos comerciantes, que têm seus contratos renovados pelo dobro do valor cobrado até hoje. A aposta é no aumento do fluxo de turistas, que cresce desde a ocupação do morro pela polícia, em 2010. O fluxo de visitantes deve ser ainda maior a partir de janeiro, com a conclusão das obras do teleférico que ligará o morro, a Central do Brasil e a Cidade do Samba, onde ficam os barracões das escolas."O proprietário avisou que terei uma surpresa com o aumento do aluguel. Tudo está subindo", afirma o comerciante Gelsonias Almeida Macedo, de 49 anos. Do seu bar, ele observa as obras do teleférico na Praça Américo Brum, orçado em R$ 75 milhões. "Com os turistas vamos conseguir reverter o prejuízo que as obras causam agora", avalia. A Providência terá ainda um plano inclinado para facilitar a subida ao topo, onde há mirantes e construções históricas. Também estão previstas obras de urbanização, construção de praças de lazer e moradias populares e alargamento de ruas.AltaOs imóveis residenciais também sentem a pressão dos preços. Os quartos nas construções mais simples, antes alugados por R$ 300 ao mês, hoje são negociados por R$ 700. As casas com melhor estrutura e localização estão sendo avaliadas em R$ 60 mil, quando há um ano sairiam por R$ 15 mil, segundo os proprietários. A boa localização, o fim da violência e a melhoria da infraestrutura explicam a alta dos preços, de acordo com o pesquisador do Sindicato de Habitação do Rio (Secovi Rio) Maurício Eiras. "É um processo que ainda está começando. A Providência tem muitas casas antigas, é perto do centro, tem transporte fácil."Os moradores mais antigos resistem à valorização imobiliária. "A gente nunca teve água encanada, esgoto, nada. Agora que tem, vem um empresário, compra tudo e transforma em hotel", afirma Vera Lúcia Ferreira Nascimento, de 44 anos, todos vividos na comunidade. O temor está no anúncio de investimentos privados na região. No alto do morro já há o projeto de um albergue que ficará ao lado de construções históricas do século 19. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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