Índice de desemprego tão expressivo entre os jovens só havia sido constatado pela PED em abril de 2004. Naquela época, a economia brasileira começava a se recuperar do choque que enfrentara no ano anterior por causa da chegada ao poder de um governo chefiado pelo PT. Há, porém, uma diferença importante entre a situação do mercado de trabalho no início da administração petista e a que se observa hoje. Há 12 anos, o desemprego médio na Grande São Paulo estava em 20%, bem mais alto do que o índice atual. Por isso, hoje, “a taxa de desemprego dos jovens é muito mais representativa”, observou o economista da Fundação Seade Alexandre Loloian, em entrevista ao Estado.
É normal que, em períodos de crescimento do desemprego, mais jovens passem a procurar trabalho, com o objetivo de complementar a renda familiar comprometida pela demissão de seu chefe. O fato de as demissões serem mais numerosas na construção e na indústria de transformação, que mais empregam chefes de família, explica esse fenômeno.
Quando mais jovens procuram emprego, crescem simultaneamente a população economicamente ativa e o número de desempregados. Esse duplo crescimento tende a elevar também o índice de desemprego. Tal fenômeno deve estar ocorrendo na Grande São Paulo.
Mas outros números mostram que o desemprego entre jovens é consequência também das demissões. A PED mostrou que, nos últimos 12 meses, foram fechados na Região Metropolitana cerca de 200 mil postos para trabalhadores jovens. Ou seja, quem procura emprego tem dificuldade para encontrá-lo e quem tem um corre o risco de perdê-lo.
É provável que também entre os milhões de brasileiros desempregados esteja crescendo a proporção de jovens. A mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) Contínua do IBGE mostrou que, em março, havia mais de 11 milhões de desempregados no País. Entre eles, 43,2% tinham entre 14 e 24 anos (a idade mínima empregada pelo IBGE é menor do que a utilizada pela pesquisa Seade-Dieese). O quadro era bastante parecido na Região Sudeste: os jovens correspondiam a 43,1% dos desempregados.
O aumento das demissões no mercado formal – empregados com carteira assinada e direitos assegurados – em abril, quando foram dispensados mais 62.844 trabalhadores, mostra que persiste a deterioração do mercado de trabalho.
A falta de experiência é um obstáculo natural para o acesso dos jovens ao mercado de trabalho, e tende a manter o índice de desemprego entre eles mais alto do que para a média dos trabalhadores. Em períodos de crise, como o atual – o Produto Interno Bruto (PIB) encolheu 3,8% no ano passado e deve registrar resultado semelhante em 2016 –, soma-se a falta de oferta de trabalho, o que empurra muitos jovens para a informalidade ou lhes traz incertezas e desilusões.
O índice de desemprego entre os jovens vem crescendo à medida que a crise se aprofunda e se estende. Em 2014, a taxa de desemprego entre eles era de 23%, no ano passado subiu para 28% e agora já afeta mais de um terço dos trabalhadores jovens. Não há, porém, entre dirigentes sindicais e autoridades, sinais de preocupação com esse fenômeno social grave, que pode comprometer o futuro de muitas pessoas.