As expectativas ditam a dinâmica da economia. E a conjuntura econômica no Brasil é um exemplo disso. Já argumentei nesse espaço que a indústria parou em 2007 e o resto da economia, em 2014. O Brasil parou, perdeu a capacidade de crescer e, por isso, começou a se ajustar. Parte do ajuste vem via política econômica: aumento de juros e gestão de gastos públicos e tributos. Estes dois últimos influenciam diretamente a quarta grande decisão macroeconômica. O governo pegou uma fatia muito grande do bolo nos últimos tempos, sobrando menos para o setor privado. Tem-se que conter isso. Na outra parte temos a taxa de câmbio buscando um valor mais adequado, o aumento de inflação e no mercado de trabalho, o aumento do desemprego.
Ao incorporar essas mudanças nas suas expectativas, entendemos o desânimo de quem analisa a economia brasileira. Dificilmente os investimentos poderiam deslanchar, se eles demandam, dentre outros fatores, que haja retorno, o qual é influenciado diretamente pelas vendas, ou seja, consumo. É claro que existem oportunidades, mas no agregado, as empresas esperam até que o céu não esteja mais tão nublado. Se as empresas não investem, não aumentam a produção. Aliás, é por isso que não conseguimos crescer, porque chegamos no limite. Para disciplinar os gastos, os preços sobem. A inflação retira não só poder de compra, mas também empregos.
Demorou, mas o consumo também parou de crescer. Isso impacta principalmente o setor de serviços, outrora pujante, que agora também arrefece. Se as expectativas movem a economia, podemos entender porque estamos parados. Ou melhor, andando para trás. Esse ano será de contração. O ano que vem também será difícil, porque nem todo ajuste conseguirá ser feito em 2015, embora o PIB talvez cresça em 2016. Para darmos um passo para trás e dois para frente, só o ajuste fiscal não será suficiente. As expectativas tem que mudar, e para isso, a política econômica tem que complementar as medidas duras de curto prazo, com um plano para o país no médio/longo prazo. Até que os agentes estejam convencidos que outros ventos virão, será difícil vislumbrar melhoras no horizonte.
* João Ricardo Costa Filho é associado da Pezco Microanalysis e professor da Faculdade de Economia da FAAP