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ONU: taxa de suicídio dos Kaiowá é a maior entre índios

Por Wilson Tosta
Atualização:

Relatório sobre as condições de vida dos povos indígenas divulgado hoje pela Organização das Nações Unidas (ONU) aponta os Kaiowá, de Mato Grosso do Sul, entre as comunidades nativas que nos últimos anos mais registraram suicídios em massa de jovens índios no planeta. O trabalho State of the World''s Indigenous Peoples (Situação dos Povos Indígenas do Mundo) relaciona a ocorrência de mortes à luta dos cerca de 30 mil integrantes da comunidade contra fazendeiros e diz que "centenas" de índios já se mataram em 20 anos. O trabalho cita dados do Ministério da Saúde de 2000 a 2005, segundo os quais a taxa de Kaiowás que se suicidaram foi 19 vezes mais alta do que a média nacional, afetando desproporcionalmente adolescentes e jovens adultos."Isso acontece porque o lugar onde eles (os Kaiowá) vivem se transformou em anexo de uma cidade em franco desenvolvimento", disse o ativista indígena Marcos Terena, membro da Cátedra Indígena Itinerante e articulador do Comitê Intertribal - Memória e Ciência Indígena. "Os Kaiowá vivem uma situação que se tornou banal, todo dia tem índio ''matado'' ou que se suicidou."O ativista participou no Rio do lançamento mundial simultâneo do texto de 238 páginas, preparado por peritos do Fórum Permanente sobre Assuntos Indígenas da ONU e que revela ainda outros casos de altas taxas de suicídio indígena. Nos EUA, na faixa de 5 a 14 anos entre nativos americanos e do Alasca, ela é 2,6 vezes maior que a nacional, passando a 3,3 entre quem tem de 15 a 24 anos. No Canadá, as taxas de indígenas Inuit que se matam são 11 vezes maiores que a média total.

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