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Pactual vai deixar o controle da PDG

Venda das ações na empresa imobiliária marca o fim do fundo PCP

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A incorporadora PDG Realty, uma das maiores do País, protocolou ontem na Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) um pedido de análise de oferta secundária de ações que pode chegar a R$ 1,93 bilhão. A venda da fatia dos controladores, que têm hoje 28,64% da companhia, marca o fim do fundo Pactual Capital Partners (PCP), criado para administrar o dinheiro dos 67 ex-sócios do Pactual após a venda do banco brasileiro para o suíço UBS, em 2006. Na época, ficou acertado entre as partes que o fundo seria desfeito só em julho de 2011.Com a recompra do Pactual por André Esteves, no ano passado, a situação mudou de figura. Gilberto Sayão, outro grande acionista do Pactual e responsável pela administração do dinheiro coletivo, criou a Vinci Partners com outros ex-sócios - a empresa de investimentos só aguarda aprovação do registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) - e decidiu acabar de vez com os vínculos "familiares". O bom momento da Bolsa e as perspectivas positivas para o mercado imobiliário brasileiro motivaram o projeto da venda da PDG Realty neste começo de ano. O comunicado enviado à CVM diz que, na visão de Sayão, o mercado está em fase inicial de desenvolvimento e que existe grande espaço para consolidação, o que propicia ganhos de escala e melhorias operacionais para a companhia. Por ser voltada para o público de baixa renda, a PDG é tida como uma das empresas que mais podem crescer com o programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. RETORNOA PDG Realty foi um dos melhores - e maiores - investimentos do fundo. Os ex-sócios colocaram R$ 50 milhões e podem sair com algo como R$ 4 bilhões, considerando-se a fatia já vendida por eles na Bolsa no passado. O fundo aplicou o dinheiro dos sócios em outros três negócios: Equatorial Energia, InBrands (dona das grifes Isabela Capeto, Ellus, Herchcovitch; Alexandre) e Los Grobo (empresa agropecuária). O negócio de energia foi solucionado naturalmente na semana passada, com a venda da participação na Light, por R$ 434,9 milhões, para a Cemig. Foi outro investimento considerado fabuloso - eles compraram a R$ 6 a ação e venderam por R$ 29, sem contar os dividendos recebidos ao longo do tempo. A saída do PCP da Light abre uma interrogação sobre o futuro da Equatorial. Para analistas, o destino deve ser a venda da Cemar e o consequente fim da holding. Haveria, inclusive, um potencial interessado: a Eletrobrás, que já possui uma participação relevante na distribuidora maranhense. O presidente da Equatorial, Carlos Piani, descartou, porém, que a venda da participação na Light será seguida pela alienação de outros ativos detidos pelo grupo.O fundo também vai procurar uma saída para a InBrands e a Los Grobo, os dois menores investimentos do PCP. Na oferta da PDG, a turma de Sayão se comprometeu a ficar com, no mínimo, 10% das ações, segundo comunicado enviado ontem à CVM. Sozinho, Sayão tem quase um terço dos papéis que serão colocados à venda, segundo informações de mercado. Além disso, cerca de 35% dos ex-Pactual ainda trabalham com ele. Essas ações serão transferidas para a Vinci Partners, diz o documento. Pouco mais da metade dos ex-sócios do banco trabalha no BTG Pactual com Esteves, que é o maior acionista individual da incorporadora, com 35% das ações que estão à venda. Pessoas ligadas ao banco acreditam que ele vá abrir mão da sua participação. Isso porque existe hoje alguma rivalidade entre os dois.Após a venda, a PDG se tornará a primeira "corporation" (empresa sem controlador) do mercado imobiliário. A grande referência no Brasil é a Renner. Isso facilitaria, na visão de profissionais do mercado financeiro, uma fusão com outras empresas do setor.Provavelmente, a Vinci deve se tornar a maior acionista e Sayão deve continuar à frente do Conselho de Administração, exercendo influência sobre a gestão. A administração executiva também deve continuar igual, de acordo com o comunicado enviado à CVM. A PDG é presidida por José Antonio Grabowsky desde a sua fundação. Em fato relevante, a companhia informou que "os executivos continuam totalmente comprometidos com seu plano de negócios e visão estratégica da companhia, estando alinhados com a política de remuneração e bonificação atual".No pregão de ontem, os papéis da incorporadora fecharam em queda de 5,47%, a R$ 16,40, por causa da pressão de investidores que vendem as ações para comprar mais barato na oferta. O valor de R$ 1,93 bilhão foi calculado com base no preço da ação em 30 de dezembro, de R$ 17,35. Colaboraram Vinícius Pinheiro e Wellington Bahnemann

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