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Dicas e histórias de vida da Flórida

Panettone Bauducco conquista os lares americanos

Empresa brasileira inaugura novo prédio de 6.500 m² em Miami em abril; segundo pesquisa, Bauducco foi responsável por 57% das vendas do produto nos EUA em 2015

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Por Chris Delboni
Atualização:

Quase 70 anos atrás, a família italiana Bauducco chegava a São Paulo, onde abriu uma pequena confeitaria e introduziu o panetone aos brasileiros.

Agora a história se repete, mas, em vez do Brasil, o panetone está invadindo hoje os lares americanos.

Erik Volavicius, diretor de marketing, desenhou uma embalagem nova em inglês para as torradas da Bauducco: “gordurazero”, “bom para toda hora” Foto: Chris Delboni

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Segundo novos dados da IRi, respeitada empresa de pesquisa de mercado, em 2015 a Bauducco foi responsável por 57% de todas as vendas de panetone nos Estados Unidos.

"Como São Paulo, os Estados Unidos é também muito multicultural. Não tem só italianos, mas europeus, imigrantes, e assim é um mercado pra gente apostar", diz Erik Volavicius, diretor de marketing e uma das cabeças do projeto de expansão da empresa em Miami. "Num certo momento, a gente começou a enxergar outras oportunidades de expansão que não fosse só via exportação."

A Bauducco começou a exportar seus produtos em 1978. Em 2005, resolveu investir e abriu um escritório em Miami para expandir os negócios internacionais e, agora, em menos de dois meses, a equipe se muda para um prédio próprio, de 6.500 m², que acaba de ser construído, e onde ficará também as instalações da primeira fábrica dos produtos Bauducco fora do Brasil.

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A empresa tem um faturamento global de cerca de US$ 1 bilhão por ano. O carro-chefe é o panetone. Em 2015, mais de 65 milhões de unidades foram fabricadas.

Em abril, o centro de distribuição se muda com toda a administração para um prédio próprio Foto: Chris Delboni

As exportações são em torno de 5% do faturamento global da empresa, e o sul da Flórida é responsável por 25% das vendas nos Estados Unidos.

Com a nova fábrica em Miami, que deve começar operação em um ano, a expectativa é de um crescimento anual de 20% a 25% das vendas no mercado americano nos próximos cinco anos, ou seja até 2022, a empresa deve dobrar o faturamento nos Estados Unidos.

"A gente vai produzir, pela primeira vez fora do Brasil, o panetone e alguns outros produtos", diz Erik, paulistano de 35 anos, que entrou na empresa em 2008 e chegou na Flórida no final de 2013 para ajudar a liderar esse projeto de expansão.

Erik nasceu em São Paulo e seus pais também. Mas seu sobrenome é lituano, vindo do avô paterno. Com 7 anos, seu pai, que sempre trabalhou na área industrial, foi transferido para Sorocaba. Lá, Erik cresceu até voltar para São Paulo com 18 anos para fazer faculdade na Escola Superior de Propaganda e Marketing e depois MBA no Insper.

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Formou-se em 2002 e começou sua carreira em multinacionais, como a Kraft Foods.

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Achava que era seu sonho. "Eu me via, no início, numa empresa multinacional, com cargo bacana", conta. "Hoje, amadurecendo um pouco, acho que mais importante do que cargo, o que me realiza mais do que status de diretor de uma grande empresa multinacional é estar feliz, sentindo que você pode agregar e fazer a diferença, que pode participar de um momento importante da empresa." 

E é assim que Erik se sente, desde que recebeu um telefonema sobre uma vaga na Bauducco, no setor de marketing, há oito anos.

"O que me chamou a atenção é que era uma empresa daquele tamanho ainda tocada por uma família, e a chance de você fazer parte - porque numa multinacional não tem jeito, você acaba sendo mais um", diz ele. "Numa empresa familiar é uma estrutura diferente, você pode fazer acontecer, e acho que acertei nessa escolha.Olha só que bacana essa experiência de fazer parte da história da empresa nesse projeto aqui nos Estados Unidos".

Erik Volavicius, diretor de marketing da Bauducco em Miami, está na empresa desde 2008 Foto: Chris Delboni

Erik chegou em Miami com a mulher e uma filha de 6 meses, hoje com 3 anos, e, há 5 meses, o casal teve mais um bebê, cidadão americano.

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"Espero continuar nos Estados Unidos nesse projeto por muitos anos", diz. "A gente tem muito a fazer ainda.Tem muito desafio."

O primeiro, diz, é mudar a atitude do americano em relação aos produtos da empresa brasileira. Educá-los.E, para isso, o diretor de marketing é fundamental.

Além do panetone, Erik está desenvolvendo conceitos de marketing, como, por exemplo, das torradas Bauducco, como alternativa mais saudável do que o pão branco. Ele desenhou uma embalagem em inglês que incentiva o consumo do produto - "gordura zero", "bom para toda hora".

Essa preocupação com os detalhes e iniciativa, diz, é mais uma prova de que a empresa está investindo no mercado estrangeiro de forma sólida. "Existe uma visão clara. O mercado americano não é só uma aventura - não é aquela coisa da multinacional que no primeiro sinal de resultado negativo muda a estrutura, aí muda o CEO e mudam todos os rumos. Não, a família [Bauducco] continua acreditando muito no projeto e vem apoiando esse projeto ano a ano".

E, com a fábrica, que deve acrescentar cerca de 100 funcionários aos 30 hoje efetivados na empresa nos Estados Unidos, Erik acredita que vai haver ainda mais flexibilidade para atender melhor o mercado local.

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"Acho que esse é o principal objetivo. Se você tem uma fábrica local, você pode fazer o que o mercado pede com mais agilidade", diz, apostando na empresa e na sua contribuição.

"É uma família [Bauducco] muito simples, muito dedicada no que faz, com paciência, consistência, sem atirar para todo lado. A gente tem um objetivo claro".

E o principal é chegar nos lares do consumidor nos Estados Unidos - de todas as origens.

"O panetone não tem etnia. Diferente do pão de queijo, ou outra coisa que é bem brasileiro, o panetone é um produto internacional".

Assim como Miami.

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Twitter @chrisdelboni