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Papa chama massacre armênio de primeiro genocídio do século 20

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Por Redação
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O papa Francisco descreveu o massacre de 1,5 milhão de armênios como “o primeiro genocídio do século 20”, durante missa pelo centésimo aniversário do conflito, neste domingo, levando a uma forte reação da Turquia, que convocou o embaixador da Santa Sé em Ancara como protesto. Turcos muçulmanos aceitam que muitos armênios cristãos morreram em confrontos com os soldados otomanos no início de 1915, quando a Armênia era parte de um império governado por Istambul, mas negam de que centenas de milhares tenham sido mortos e que isso tenha representado um genocídio. Essa foi a primeira vez que um papa pronunciou publicamente a palavra “genocídio” em relação ao massacre, repetindo um termo usado por alguns países europeus e sul-americanos, mas evitado pelos Estados Unidos, entre outros, para manter as boas relações com um aliado importante. Em 2001, o papa João Paulo 2º e o patriarca supremo da Igreja Apostólica Armênia, Karekin 2º, chamaram o ocorrido de “o primeiro genocídio do século 20” num comunicado conjunto. Francisco, que tem desconsiderado muitos aspectos do protocolo desde que se tornou papa dois anos atrás, pronunciou a frase durante uma reunião privada no Vaticano com uma delegação armênia em 2013, provocando forte protesto de Ancara. No início da missa na Basílica de São Pedro, o papa Francisco descreveu o “massacre sem sentido” de cem anos atrás como “o primeiro genocídio do século 20”, que foi seguido pelo “nazismo e pelo stalinismo”. "É necessário, e inclusive um dever, honrar a memória deles, pois quando a memória se apaga, isso significa que o mal permite a ferida inflamar. Esconder ou negar o mal é como permitir que uma ferida continue sangrando sem trata-la!”, afirmou ele. Os comentários do papa foram também publicados pelo gabinete do presidente da Armênia, Serzh Sargyan, neste domingo. O papa Francisco disse que o genocídio continua hoje contra cristãos “que, por conta da sua fé em Cristo ou origem étnica, são publicamente e cruelmente levados à morte – decapitados, crucificados, queimados vivos – ou obrigados a deixar a terra natal.” O papa também pediu a reconciliação entre a Turquia e a Armênia, e entre a Armênia e o Azerbaijão, por conta da disputa pela região montanhosa de Nagorno-Karabakh. O apelo se deu numa carta entregue depois da missa a Sargyan e aos três mais importantes patriarcas da igreja armênia presentes. (Steve Scherer)

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