Papa faz visita e concede perdão a ex-mordomo antes do Natal

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Por PHILI
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O papa Bento 16 fez uma surpresa antes do Natal e visitou neste sábado a prisão em que se encontrava detido seu ex-mordomo, perdoando-o por ter roubado e vazado documentos sobre supostas corrupções no Vaticano. O papa passou cerca de 15 minutos com Paolo Gabriele antes de o preso ser libertado e poder voltar para o seu apartamento no Vaticano, ao lado de sua mulher e filhos, afirmou o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi "O que eles disseram um para o outro continuará em segredo entre eles... Ele sabe que cometeu um erro", afirmou à Reuters a advogada de Gabriele, Cristiana Arru, que estava no apartamento quando ele retornou para a sua casa. Gabriele foi condenado por furto qualificado em 6 de outubro, em um caso que constrangeu o Vaticano. Ele estava cumprindo uma sentença de 18 meses de prisão em uma cela na sede da polícia da cidade. Lombardi chamou a iniciativa do papa de "um gesto paternal para uma pessoa com a qual o papa dividiu sua vida por vários anos... Esse é um final feliz nessa temporada de Natal para esse episódio triste e doloroso". Lombardi e Arru descreveram o encontro como "intenso", porque foi a primeira vez que ambos se viram desde maio, quando Gabriele foi preso depois de a polícia do Vaticano encontrar vários documentos que tinham sido roubados do escritório papal em sua posse. O pontífice também perdoou um especialista em computação do Vaticano que recebeu uma pena em outro julgamento. VATILEAKS Em uma saga que ficou conhecida como "Vatileaks", Gabriele vazou documentos que mostravam o que aparentava ser uma disputa por poder nas mais altas hierarquias da Igreja, e conflitos internos sobre o quão transparente o banco do Vaticano, que já passou por vários escândalos, deveria ser com as autoridades financeiras externas. Ele disse aos investigadores que agiu porque via "o mal e a corrupção em todos os cantos da Igreja" e que as informações estavam sendo escondidas do papa. O Vaticano disse que Gabriele não poderá mais trabalhar lá, mas que o ajudará a encontrar um emprego e começar uma nova vida fora dos muros da cidade-Estado, ao lado de sua família. "Quando ele chegou em casa, as crianças pularam sobre ele e se penduraram em seu pescoço. Foi um período muito difícil para eles. Não creio que todo esse episódio está enterrado para eles ainda", afirmou Arru. Gabriele, de 46 anos, afirmou em seu julgamento, um dos mais espetaculares da recente história da Santa Sé, que ele não se considerava um ladrão e que foi motivado pelo amor "visceral" pela Igreja. O mordomo, que servia as refeições do papa e o ajudava a se vestir, tirou fotocópias de importantes documentos às costas de seus superiores, em um pequeno escritório adjacente ao quarto do papa. Ele então escondeu mais de mil documentos originais e cópias, incluindo alguns que o pontífice marcou como "a ser destruído", entre outros milhares de documentos e jornais em um grande armário no apartamento da família, dentro do Vaticano. Ex-integrante de um seleto grupo chamado de "família papal", Gabriele era uma de menos de dez pessoas que tinham a chave de um elevador que levava diretamente aos aposentos do pontífice. Ele disse no julgamento que, na sua posição de mordomo do papa, ele pôde ver o quão fácil um poderoso homem pode ser manipulado pelos seus assessores, mas escondeu coisas que pode ter conhecimento. Os papéis que vazaram revelaram trabalhos internos de uma instituição conhecida pelos seus segredos, e causou uma das maiores crises do papado de Bento 16 quando os detalhes apareceram em uma publicação de um jornalista italiano, no começo deste ano. Muitos acreditam que o mordomo pode não ter agido sozinho e que foi mandado por outras pessoas do Vaticano. Gabriele afirmou durante o julgamento que pode ter sido influenciado por terceiros, mas que não tinha cúmplices.

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