Para combater crise, italianos alugam quartos de iates para turistas

O serviço de 'boat & breakfast' transforma a embarcação numa espécie de pousada fixa e flutuante.

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Por Guilherme Aquino
Atualização:

Armadores da cidade italiana de Gênova estão oferecendo camarotes de seus barcos a hóspedes como forma de amenizar os altos custos de manutenção das embarcações. O serviço de boat & breakfast (literalmente "barco e café da manhã") transforma os barcos, que ficam atracados nos píeres, em uma espécie de pousada fixa e flutuante. A medida busca reduzir os prejuízos dos donos dessas embarcações luxuosas, que se mostram preocupados com os altos custos para manter seus barcos. Em média, apenas a vaga na marina para um iate em Gênova custa 15 mil euros por ano, sem contar as despesas de pessoal. O projeto foi batizado de "Armador Por Uma Noite" e ganhou a simpatia das autoridades náuticas, que adotaram oficialmente a ideia. "Isto é para aqueles que amam os barcos, mas não os possuem. Os clientes que chegam são das áreas metropolitanas, principalmente de Milão, e gostam do mar, mas o frequentam pouco", disse à BBC Brasil o proprietário da Marina Gênova Aeroporto e criador do serviço, Giuseppe Pappalardo. Além de reduzir custos, a proposta pretende diversificar a oferta da rede hoteleira da cidade. "Era divertido ver os senhores do campo da náutica que se hospedaram aqui saindo de dentro dos iates, vestidos de terno e gravata, indo trabalhar em Gênova", diz Pappalardo. "Além do mais, sendo usado com maior frequência, o iate acaba sendo melhor tratado". Adesão ao projeto Embora o serviço já exista em outros países, é comum na Itália alugar os barcos apenas para cruzeiros marítimos, e não para mantê-los "estacionados". Dos 400 iates e barcos a vela ancorados na marina de Gênova, 30 já aderiram ao projeto, disponibilizando cerca de cem cabines. "Estar em um hotel dentro d'água é fascinante. No começo, tive um pouco de ciúmes, mas os clientes tratam o barco com respeito, e depois tomam gosto e acabam voltando para um cruzeiro de verdade", disse à BBC Brasil o armador Lucas Abis. Uma semana de navegação custa em torno de 25 mil euros (R$ 57 mil). Quando chega, o turista é recebido na recepção do hotel da marina, uma estrutura montada à beira-mar, com quartos em terra firme. Dali, ele é encaminhado à embarcação, que pode ser um barco, um iate ou mesmo um barco a vela. Os preços começam em 150 euros por pessoa. Já uma cabine dupla em um iate de 19 metros de comprimento, avaliado em 2 milhões de euros (R$ 4,5 milhões), custa 360 euros. Os preços são mais caros do que os dos bed & breakfast na cidade, mas oferecem ao cliente a proximidade às regalias da marina. Em Gênova, os ancoradouros têm restaurantes, cafeterias, butiques, galerias de arte e concertos, frequentados não só por quem tem barcos, mas também pela população em geral. A hospedagem nos barcos exigem algumas adaptações por parte dos clientes. Os tênis, as sandálias e os sapatos baixos ou de salto alto devem ser deixados em uma cesta na entrada. A bordo, caminha-se descalço sobre o chão de madeira. "É melhor para evitar escorregões e também para não trazer para dentro do barco a sujeira da rua", disse à BBC Brasil o comandante Claudio Briamonte. A única área vetada aos hóspedes é a cadeira de comando do iate. "Esta área aqui é off limits (fora dos limites)", diz Briamonte. BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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