Pomar sadio com poda de inverno

Tratamento nesta época do ano elimina galhos improdutivos e secos[br]e remove possíveis focos de doenças

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Por Fernanda Yoneya
Atualização:

Nesta época do ano, período em que os pomares de citros encontram-se em ''''repouso vegetativo'''' (sem brotações), produtores investem em uma prática tradicional de manejo: o tratamento de inverno, conjunto de tratos culturais que previne o aparecimento de pragas (ácaro da leprose e cochonilhas) e doenças como verrugose, melanose, rubelose, podridão floral, mancha-preta e gomose. O tratamento de inverno consiste em fazer uma poda de limpeza nas plantas para eliminar galhos e ramos secos, doentes e improdutivos, além de eventuais frutos da produção anterior. ''''Essa poda evita que possíveis focos de doenças e pragas ataquem as próximas floradas'''', explica o presidente do Grupo de Consultores em Citros (Gconci), Camilo Lázaro Medina. Medina diz que, sob o aspecto fitossanitário, o tratamento é importante porque a árvore começa a florescer normalmente em agosto/setembro e, caso haja ramos velhos, doentes e secos, o risco de floradas futuras serem atacadas aumenta sensivelmente. ''''Algumas doenças e pragas comuns em citros estão presentes nesses ramos, que devem ser eliminados antes da planta emitir novas brotações. A retirada de ramos com sintomas de leprose, por exemplo, reduz boa parte do vírus na planta. É uma medida crucial para o controle dessa grave doença que afeta os pomares de laranja.'''' Além do aspecto fitossanitário, Medina observa que a aeração da planta estimula brotações seguintes e favorece um desenvolvimento mais vigoroso da laranjeira. ''''Posteriormente à poda, se as condições permitirem e se for necessário, pode-se nutrir a planta, com aplicação de nitrogênio e fósforo, e com adubações foliares ou de solo, que deixam a árvore bem nutrida no florescimento, quando a exigência por esses nutrientes é maior. ''''RAMO-LADRÃO'''' O fruticultor Ademar Yoshio Ogata, que possui pomares de laranja em Taquaritinga, Matão, Itápolis e Borborema (SP), é adepto da poda de inverno e adota um calendário escalonado para suas 350 mil árvores. ''''Faço a poda de inverno todos os anos, principalmente em plantas com mais de sete anos. Mas fazendo o tratamento de dois em dois anos, já está bom.'''' Ele conta que aproveita a diminuição da carga de trabalho no inverno e direciona a mão-de-obra para a poda dos pomares, feita de maio a julho. ''''A limpeza interna nas plantas elimina galhos secos e, sobretudo, acaba com o ramo ladrão, que é improdutivo, suga energia da planta, que poderia ser consumida por um ramo produtivo, e dificulta a penetração da calda pulverizada. A poda torna os tratamentos fitossanitários mais eficientes.'''' Segundo Ogata, a grande vantagem da poda de inverno é a eliminação de pontos onde poderiam existir doenças ou pragas. ''''Também vale a pena destacar que o uso de produtos químicos torna-se mais racional, com uma redução expressiva do volume de calda utilizado.'''' Após a poda, se houver necessidade, Ogata aplica um produto à base de cobre para proteger o ''''ferimento'''' deixado pelo corte. Medina diz que o uso de caldas para proteger ferimentos é dispensável e só deve ser feito em caso de extrema necessidade (cortes grandes e profundos) e de preferência de forma localizada, para não pesar no bolso do produtor e prejudicar o equilíbrio biológico. ''''Mais eficaz é monitorar o pomar no início das brotações, pois brotações novas são muito sensíveis, ficar atento ao surgimento de qualquer sintoma de doença e consultar um agrônomo para indicar o tratamento adequado.''''

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