REVIRAVOLTAS
Quase 143 milhões de brasileiros estão habilitados a votar neste domingo para escolher o próximo presidente, na eleição mais acirrada dos últimos tempos, marcada por duas grandes reviravoltas.
A primeira ocorreu em meados de agosto com a trágica morte de Eduardo Campos, então candidato do PSB à Presidência, e a entrada como um furacão de Marina em seu lugar. Em poucos dias, a ambientalista encostou em Dilma nas intenções de voto e jogou Aécio para um distante terceiro lugar.
A segunda grande virada desta campanha, que precisa ser confirmada pelas urnas, é a volta de Aécio ao segundo lugar, ultrapassando Marina na reta final na briga por uma vaga na segunda rodada de votação contra Dilma.
Pesquisas Datafolha e Ibope divulgadas na véspera da eleição mostraram que, embora a situação ainda seja de empate técnico entre Dilma e Aécio, houve uma inversão na disputa pelo segundo lugar no primeiro turno, e o candidato tucano passou a ter vantagem numérica sobre a ex-ministra.
A reeleição de Dilma representaria um quarto mandato consecutivo do PT na Presidência, após dois governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que torna a votação uma espécie de referendo sobre a continuidade ou não do partido no poder.
"Eu pensei bem sobre os candidatos e queria alguém que pudesse resolver o problema da violência. Votei na Marina. Acho que a Dilma já deu. As coisas que prometeu, não fez. Tentei Bolsa Família e Bolsa Maternidade e não consegui", disse a baiana Rosilene Silva de Jesus, de 29 anos, moradora da favela Paraisópolis, em São Paulo.
Eleitores que disseram votar em Dilma apontaram benefícios do governo nos últimos anos.
"Vou votar na Dilma. Acho que o voto não é apenas individual, é coletivo, e muitas pessoas tiveram benefícios no governo dela", disse a estudante carioca Agatha Mandarino, de 17 anos, que vai votar pela primeira vez.
"Me incomoda saber que tem muita enganação no país, mas de certa forma o Brasil funcionou nos últimos 10 anos. Espero que no próximo governo o Brasil ingresse de vez nessa história de que somos a bola da vez", acrescentou.
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) informou que o primeiro turno das eleições teve um início tranquilo e sem maiores problemas, embora tenham sido registradas ocorrências isoladas.
De acordo com o tribunal, quatro urnas foram danificadas em São Luís, capital do Maranhão, na madrugada deste domingo, e uma urna foi incendiada em uma seção eleitoral da cidade.
No Amazonas, houve problemas para três urnas chegassem a locais remotos. Uma aeronave não conseguiu levantar voo no sábado por questões climáticas, atrasando a entrega nessas localidades.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Camila Moreira, Gustavo Bonato e Anna Flávia Rochas, em São Paulo; Rodrigo Viga Gaier, no Rio de Janeiro; e Nestor Rabello, em Brasília)