Protesto por mais segurança reuniu quase 700 pessoas no Rio neste domingo

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Por Redação
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Cerca de 700 pessoas, segundo a Polícia Militar, participaram, na manhã deste domingo, 24, de um ato em protesto contra a morte do médico Jaime Gold, esfaqueado em um assalto na última terça-feira, 19, na Lagoa Rodrigo de Freitas, zona sul do Rio. Vestidos de preto, os manifestantes deram uma volta na Lagoa para reivindicar melhorias na segurança pública da região e de toda a cidade. Com cartazes, bandeiras do Brasil e apitos, ciclistas e moradores cantaram o hino nacional e gritaram palavras de ordem contra a impunidade."O movimento não é restrito aos ciclistas, é para todo o Rio e também o Brasil para chamar atenção dos governantes para a situação que ultrapassou os limites. Estamos com medo de sair de casa", afirmou uma das organizadoras, Ana Paula Cavalcante, que integra o coletivo Na Roda Delas, de mulheres ciclistas. "Facada virou esporte dos bandidos", reforçou.A manifestação começou por volta das 10 horas, com policiamento reforçado pela cavalaria da Polícia Militar, duas viaturas e agentes de trânsito. Ao longo do percurso, o grupo ganhou a adesão de turistas e moradores, além de apoio de motoristas que trafegavam pela região e das famílias nas varandas dos apartamentos da Lagoa. Nas palavras de ordem, os manifestantes cobravam do prefeito Eduardo Paes, e do governador Luis Fernando Pezão, respeito e prioridade à segurança.Por volta das 12 horas, os manifestantes fecharam a avenida Epitácio Pessoa, na altura do local onde o médico foi assassinado e que se tornou uma espécie de santuário, com cartazes, flores e mensagens de solidariedade à família da vítima. Os manifestantes fizeram um minuto de silêncio e cantaram o hino nacional, emocionados. "Cariocas unidos, jamais serão vencidos", cantaram.Os organizadores distribuíram adesivos e cartazes em que cobravam a instalação de câmaras de segurança e reforço permanente de policiamento no local. Alguns cartazes também pediam a redução da maioridade penal - a Polícia Civil prendeu na quinta-feira, 21, um suspeito da morte do médico, um adolescente de 15 anos."Vim questionar qual o papel desses grupos de Direitos Humanos. Eles só aparecem quando acontece algo com bandidos, mas eu também sou humana", afirmou Cecília Veiga, de 52 anos. Moradora do Leblon, ela disse ter "pânico" de passear pela Lagoa, considerada "um cartão postal abandonado". "A Polícia faz seu trabalho, mas não tem incentivo para se arriscar subindo o morro para prender bandido se logo depois eles são soltos", argumentou.O advogado Fábio Ferreira, de 45 anos, avalia que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é uma legislação "com normas utópicas" e que deve ser revisto. "O Estado não está dando conta, não só no Rio. A situação da violência está muito grande. O Estatuto deixa adolescentes infratores impunes e isso se reflete em toda a sociedade. Independente da idade, assassinos devem ser punidos", afirmou.Apesar do coro por "tolerância zero" e pela mudança na legislação para reduzir a maioridade penal, muitos manifestantes se disseram contra a medida. "Não é o caminho, a impunidade é que gera esse tipo de crime. É difícil a pessoa não ter pais e viver em situação degradante, mas nada justifica. Se mata por tudo e nada, banalizou", avalia a advogada Andrea Baltasar, de 49 anos.Também participaram da passeata pais e familiares de outras vítimas da violência urbana, como o casal Andrei e Mausy Schomaker, pais do estudante universitário Alex Bastos, morto em janeiro após um assalto na saída da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na Praia Vermelha, também na zona sul. "Só a ação coletiva pode provocar as autoridades e mudar a situação de violência", afirmou Mausy.Andrei também se posicionou contra a redução da maioridade penal. "Não resolve o problema. O que está errado é um tiro na zona sul repercutir mais que a morte dos meninos de 10 anos pela polícia, por balas perdidas, por autos de resistência, nas favelas. O que resolve é mais educação, para podermos escolher melhores governantes e para a população entender que o Estado não nos faz favor. Nós somos patrões do Estado", afirmou.

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