A probabilidade de a Câmara dos Deputados votar nesta quarta-feira o projeto que redefine a distribuição dos royalties do petróleo era cada vez menor, por falta de quórum, admitiram deputados consultados pela Reuters. O próprio relator do projeto, Carlos Zarattini (PT-SP), afirma ser "difícil" o projeto ser colocado em votação nesta quarta. De acordo com Zarattini, a bancada governista foi orientada a não registrar presença para impedir a votação de um outro projeto que está na pauta. A matéria regulamenta a carga horária de enfermeiros e não conta com o apoio do governo. "Isso acaba também não dando quórum para a votação dos royalties", disse o relator à Reuters. Deputados do Rio de Janeiro, Estado produtor da commodity cuja bancada já declarou que votará contra o parecer de Zarattini, também afirmaram não ter interesse em votar a proposta nesta quarta. "Nós não concordamos com o projeto. O Estado do Rio de Janeiro sai perdendo. Nós nos propusemos a votar, desde que houvesse acordo, mas até o momento, não há acordo", disse à Reuters a deputada Benedita da Silva (PT-RJ). "Hoje não haverá quórum", corroborou o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O líder do PMDB na Casa, Henrique Eduardo Alves (RN), lembrou de outro fator que contribui para a falta de deputados no plenário: as convenções partidárias para a definição dos candidatos nas eleições municipais deste ano, que estão concentradas no decorrer desta semana. "Hoje não vai haver quórum. Tem várias convenções, muitos (deputados) já foram embora", disse Alves a jornalistas. "Hoje é inviável." Apesar da decisão da bancada do Rio de Janeiro de votar contra o parecer de Zarattini, o relator disse ter recebido sinalização favorável da bancada do Espírito Santo. Representantes de Estados produtores, principalmente do Rio de Janeiro, têm criticado o projeto, temendo perdas na arrecadação. Zarattini, por outro lado, sustenta que sua fórmula mantém os ganhos desses Estados nos próximos anos. (Reportagem de Maria Carolina Marcello)