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Reunião do governo sobre clima acaba sem anúncio de corte de CO2

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Por Redação
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Uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros para discutir a proposta que o Brasil levará à reunião da ONU sobre clima, em Copenhague, terminou nesta terça-feira sem anúncio de metas de corte nas emissões de gases estufa, um ponto considerado crucial para que se chegue a um acordo entre os países. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou após o encontro que o governo vai anunciar em 14 de novembro as medidas que serão levadas à cúpula da ONU, mas adiantou que não deve haver o anúncio de um número determinado para a meta de redução das emissões brasileiras. O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, defende uma redução de 40 por cento nas emissões previstas para 2020. "Serão linhas gerais. Não vamos apresentar os números, vamos apresentar as medidas. Até porque estamos fazendo de forma voluntária, porque achamos que é importante que o Brasil preserve suas características de país sustentável", disse Dilma a jornalistas após a reunião. Dilma afirmou que o Brasil vai se concentrar nas áreas de agropecuária, energia, siderurgia e na redução de desmatamento em outros biomas, além da Amazônia. "São essas quatro áreas que vão integrar esse grande esforço do Brasil, que sobretudo vai se constituir em objetivos bem claros que nós vamos explicar e comunicar numa reunião do dia 14 de novembro", disse. Para o Greenpeace, com a demora em anunciar a resposta brasileira ao desafio climático a ser apresentada em Copenhague o Brasil perde a chance de ocupar uma posição de liderança. "O país, a menos de dois meses da reunião na Dinamarca, dá um sinal de falta de transparência diplomática, impedindo que os brasileiros e o resto do mundo tomem conhecimento de sua posição, e perde uma oportunidade importante de voltar a ser uma peça-chave nas negociações internacionais", disse o grupo em comunicado. O país tem uma meta para reduzir desmatamento da Amazônia em 80 por cento, o que representa um corte de emissões do Brasil de 20 por cento em relação à trajetória prevista para 2020. O desmatamento corresponde a aproximadamente 75 por cento das emissões de dióxido de carbono do país, mas representa somente 52 por cento do total das emissões de gases do efeito estufa, que incluem o metano e o óxido nitroso, mais perigosos. A expectativa é que a taxa de desmate da Amazônia nos 12 meses até julho deva cair para 9.500 quilômetros quadrados, seu nível mais baixo em 20 anos. Mais de 190 países se reunirão na capital da Dinamarca entre os dias 7 e 18 de dezembro para negociar um novo acordo, que substituirá o Protocolo de Kyoto, para combater a mudança climática. Entre as principais divergências estão os objetivos de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e como levantar bilhões de dólares para ajudar os países pobres a lidar com o impacto do aquecimento global. (Por Raymond Colitt, com reportagem de Pedro Fonseca)

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