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Rússia irá banir importação de alimentos de EUA e UE em retaliação a sanções

A Rússia irá proibir a importação de todos os produtos alimentícios dos Estados Unidos, assim como frutas e verduras da União Europeia, depois que o presidente russo, Vladimir Putin, ordenou uma retaliação às sanções ocidentais contra o seu governo, relatou uma agência de notícias estatal nesta quarta-feira. Sendo a Rússia uma grande compradora de alimentos dos EUA e da UE, o gesto representa uma profunda escalada na guerra comercial do tipo "olho por olho" desencadeada pela crise na Ucrânia. Putin assinou um decreto nesta quarta-feira interrompendo ou limitando a importação de produtos agrícolas de países que impuseram sanções à Rússia, ordenando o governo que elabore uma lista de importações a serem proibidas durante um ano. "(Todos os produtos alimentícios) produzidos nos EUA e fornecidos à Rússia serão proibidos”, disse o porta-voz da agência de vigilância alimentar VPSS, Alexei Alekseenko, segundo a agência Ria Novosti. “Frutas e verduras da União Europeia terão proibição total”, acrescentou. Ninguém estava disponível para comentar o assunto na VPSS, mas Alekseenko disse anteriormente à Reuters que a ação retaliatória será “bastante substancial" e irá incluir os frangos norte-americanos. Um porta-voz da Comissão Europeia, em Bruxelas, disse que não tinha comentários sobre o tema. Os russos são de longe os maiores compradores de frutas e verduras da UE, tendo adquirido 21,5 por cento das exportações de verduras e 28 por cento das vendas externas de frutas do bloco em 2011. O país também tem um grande apetite pelos frangos dos EUA --compraram 276.100 toneladas do produto no ano passado, ou oito por cento das exportações norte-americanas. Assim, a Rússia é o segundo maior comprador, só atrás do México, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Por POLINA DEVITT E DMITRY ZHDANNIKOV
Atualização:

FRANGO BRASILEIRO

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Depois da emissão do decreto de Putin, a VPSS disse que irá discutir a opção de ampliar as importações de alimentos de Equador, Brasil, Chile e Argentina com os embaixadores destes países na quinta-feira.

Os produtores brasileiros poderiam enviar 150 mil toneladas adicionais de frango por ano para a Rússia para compensar a escassez, declarou o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, em São Paulo.

Washington e a UE impuseram as primeiras sanções depois que a Rússia anexou a Crimeia em março e as aprofundaram após a derrubada de um avião comercial malaio no mês passado no leste ucraniano, controlado por rebeldes separatistas.

Moscou refuta as alegações ocidentais de que forneceu o míssil supostamente usado pelos rebeldes para abater o avião, matando as 298 pessoas a bordo.

As relações entre Ocidente e Oriente azedaram ainda mais nesta quarta-feira, quando a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) declarou que os russos podem usar o pretexto de uma missão humanitária para invadir o leste da Ucrânia.

(Por David Stamp, com reportagem adicional de Michael Shields, Fabiola Gomes; Angelika Gruber, Polina Devitt, Maria Kiselyova, Silvia Aloisi e Gianluca Semeraro)

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