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Plataformas de compartilhamento de carros ganham força no País

Estratégias de compartilhar o carro para cobrir gastos crescem durante a crise; opções incluem colocar o veículo para alugar e dar caronas pagas

Por Arthur Cagliari , Hermínio Bernardo , Igor Costa e Renato Alban
Atualização:
AUTONOMIA. A plataforma Fleety permite que as pessoas físicas aluguem seus carros Foto: Arthur Cagliari/Especial para o Estado

Quando a situação financeira aperta, o carro vira muita despesa para uma pessoa só. Tem a parcela, o seguro, o combustível, o IPVA. E a saída para esse volume de contas no fim do mês pode estar justamente em algo que poucos pensam ao adquirir um automóvel: compartilhar. Por meio de plataformas online, há quem esteja conseguindo passar o veículo para o lado das receitas. A publicitária Mariana Pellicciari, de 27 anos, colocou seu carro para locação há três meses. Com o dinheiro, está pagando as parcelas do consórcio. Mariana vem usando a plataforma Fleety, que permite que pessoas físicas aluguem seus veículos. Por enquanto, o sistema funciona em São Paulo e Curitiba. “Me mudei e, agora, moro perto do meu trabalho”, diz a publicitária. “Estava usando pouco, mas não queria ter de vender.”  O também publicitário Vinícius Siepierski, de 27, chegou perto de abrir mão do carro para realizar outro sonho. Ele planeja se casar em março de 2016 e está fazendo uma poupança. “Estava querendo juntar uma grana extra e pensei até em vender o carro, mas acabei descobrindo o Fleety.” Em menos de um mês, Siepierski já conseguiu pagar uma parcela do carro com o compartilhamento.  “Pretendemos expandir o serviço para todo o País até dezembro”, diz o engenheiro André Marim, sócio-fundador da plataforma. O site tem um seguro que cobre eventuais acidentes e problemas. “É uma forma de proteger o motorista e o proprietário”, afirma Marim. Carona. Assim como quem aderiu ao Fleety, o estudante Vinícius Rodrigues, de 22, encontrou uma forma de ganhar dinheiro com o próprio carro. “Dou caronas para reduzir os custos de minhas viagens.” Ele faz o trajeto de São Paulo a Soracaba diariamente e usa o site Tripda para encontrar passageiros, cobrando R$ 15 por pessoa. A plataforma sugere o preço e limita um valor máximo com base na viagem, levando em conta os gastos com combustível e pedágios. Em pouco mais de um ano, o Tripda já tem 70 mil cadastrados no Brasil e está presente em outros 12 países. O aumento do preço do combustível no início deste ano, das taxas de pedágio e passagens de ônibus em junho impulsionaram o número de clientes, diz Daniel Bedoya, presidente de Operações do site no País. A rede de caronas vem registrando crescimento de 40% no número de viagens realizadas por mês. A ideia do Tripda surgiu de uma plataforma semelhante na Alemanha. Lá, funcionam 140 serviços de compartilhamento de carro, de acordo com a organização nacional do setor.Compartilhamento. No Brasil, o segmento começou com a Joycar e a Zazcar. As duas empresas se diferenciam das locadoras tradicionais por permitirem o aluguel do automóvel por hora e por operarem totalmente online. Diferente do Fleety e da Tripda, no entanto, pessoas físicas não podem compartilhar seus carros. A Joycar, por exemplo, tem 15 veículos disponíveis e pretende dar mais flexibilidade aos clientes. “Estamos planejando que a pessoa possa pegar o carro em algum canto da cidade e devolver em outro”, diz Rafael Taube, sócio-fundador da Joycar. As locadoras tradicionais dizem que ainda não sentiram o impacto financeiro da entrada em cena das empresas de compartilhamento. “Mas não descartamos que isso ocorra no futuro. Essa preocupação existe, sim”, afirma o presidente do Sindicato das Empresas Locadoras de Veículos de São Paulo (Sindloc-SP), Eladio Paniagua.  No primeiro semestre deste ano, a queda na demanda por aluguel de carros – em especial, no segmento de turismo e lazer – resultou numa retração de 15% nas locações. Em 2015, a previsão é de estagnação, diz o presidente do conselho da Associação Nacional de Locadoras (ABLA), Paulo Nemer. O faturamento, segundo ele, deve igualar o de 2014, que foi de R$ 14,72 bilhões. Já o diretor do sindicato das empresas no Paraná, onde o Fleety foi fundado, Roberto Bacelar, critica a informalidade das redes de compartilhamento. Mas não vê a concorrência dessas plataformas como uma ameaça ao setor. “É uma moda. Esse sistema vai enfraquecer quando os primeiros problemas surgirem. Terão muito trabalho para competir com as locadoras”, diz Bacelar.

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