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Transplante de órgãos cresce 23% em São Paulo

Até agora, o melhor resultado havia sido registrado em 2004, com 1.332 transplantes

Por Ana Luísa Westphalen e da Agência Estado
Atualização:

O Estado de São Paulo alcançou número recorde de transplante de órgãos em 2008. Até 15 de dezembro, foram contabilizadas 1.386 cirurgias, superando em 23% o total do ano passado, informou balanço divulgado nesta terça-feira, 16, pela Secretaria de Estado da Saúde. O melhor resultado havia sido registrado em 2004, com 1.332 transplantes. Neste ano, até 15 de dezembro, 451 pessoas tiveram pelo menos um órgão aproveitado para doação, contra 376 em 2007. No período, foram realizados no Estado 752 transplantes de rim, 400 de fígado, 117 de pâncreas, 72 de coração e 45 de pulmão. A cirurgia de córnea não é considerada no balanço, já que se trata de um tecido. O principal entrave para o aumento da doação de órgãos no Estado, diferente do esperado, não foi a autorização da família do paciente que sofreu morte encefálica. "Cerca de 50% das famílias são a favor da doação", afirma o coordenador da Central de Transplantes da Secretaria, Luiz Augusto Pereira. Para ele, este é um ótimo patamar. Segundo o coordenador, o problema principal é o baixo número de casos de morte cerebral diagnosticados. Neste ano, houve recorde de número pacientes em quadro de morte encefálica notificados pelos hospitais: foram 2.208 até 15 de dezembro, contra 1.965 no ano passado inteiro. "Mas acreditamos que há muitos casos de morte desse tipo que não são notificados", lamenta Pereira. "Se ampliarmos o número de potenciais doadores notificados, certamente teremos cada vez mais vidas salvas por transplantes em São Paulo", afirma. Desde o segundo semestre de 2006, a Central de Transplantes trabalha especificamente para ampliar o número de notificações de potenciais doadores para aumentar a oferta de órgãos para transplante. "Não é um hábito do médico preocupar-se com esse diagnóstico", afirma. "Esse paradigma temos de quebrar." Pereira explica que o diagnóstico para morte encefálica é muito rigoroso. "Há um procedimento orientado pelo Conselho Federal de Medicina para se atestar clinicamente que a pessoa está morta." Se o caso é confirmado, os testes são repetidos seis horas depois. Por último, é realizado um exame gráfico para comprovar que o cérebro não tem atividade ou fluxo sanguíneo. Caso depois de todos esses procedimentos seja atestada a morte cerebral, a família é entrevistada. O coordenador da Central de Transplantes ressalta que seria importante que os cursos de medicina tratassem em sua grade curricular da questão da doação de órgãos. "Na Espanha, país com maiores índices de transplantes realizados, o tema é abordado desde a escola primária", afirma.

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