Ucrânia acusa rebeldes de violar 'Dia do Silêncio'; fluxo de gás russo é retomado

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Por RICHARD BALMFORTH E PAVEL POLITYUK
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"Declaramos um dia de silêncio por três vezes antes. Esta é a quarta vez. Cento e noventa e duas pessoas foram mortas desde 5 de setembro", disse o chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Viktor Muzhenko, a jornalistas em Kiev. Foto: Reuters

Os militares da Ucrânia acusaram os separatistas de violarem o "Dia do Silêncio", pactuado no conflituoso leste do país nesta terça-feira, uma iniciativa vista como uma tentativa de forjar um cessar-fogo duradouro e assim abrir caminho para uma nova rodada de negociações de paz.

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Em uma medida para a normalização das relações com a Ucrânia, a Rússia retomou as transferências de gás natural para o país nesta terça-feira, depois de seis meses de interrupção causada por uma disputa sobre o preço do produto e a dívida ucraniana, que transcorria em paralelo à guerra travada pelos rebeldes pró-Moscou no leste da Ucrânia.

As forças do governo disseram ter suspendido as operações de combate a partir de 10h desta terça-feira e separatistas afirmaram que o cessar-fogo, por ora, vinha sendo mantido.

Mas, quando anoiteceu, militares do governo central da Ucrânia disseram que as tropas haviam registrado 13 violações dos rebeldes, com bombardeios a posições ucranianas, com destaque para dois ataques de artilharia ao aeroporto na cidade de Donetsk, controlada pelos separatistas. Eles não informaram se algum soldado tinha sido morto.

"Não tendo nenhuma intenção de observar os acordos, os rebeldes empregaram armas leves, morteiros e artilharia, e tanques blindados em áreas residenciais", disse o serviço de imprensa para a operação militar de Kiev no leste, em um comunicado postado no Facebook.

Os ucranianos consideravam o Dia do Silêncio um teste de prontidão dos separatistas, apoiados por Moscou, para reforçar uma trégua pactuada em setembro e que vem sendo rotineiramente rompida, com mortes quase diárias entre as forças do governo, rebeldes e civis.

Nas últimas semanas, a luta tem sido intensa em torno do aeroporto internacional de Donetsk, principal reduto urbano dos separatistas. Os rebeldes estão tentando arrancar as ruínas do aeroporto de controle do governo.

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Esperava-se que a trégua poderia melhorar as perspectivas de uma nova rodada de negociações de paz na capital de Belarus, Minsk, envolvendo Rússia, Ucrânia e separatistas, sob o patrocínio da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

As conversações entre esse "grupo de contato" em Minsk no início de setembro levaram a um plano de 12 pontos para a paz, incluindo um cessar-fogo. Desde então, porém, os separatistas têm desafiado o governo ucraniano, realizando eleições para escolha de autoridades locais. A Ucrânia acusou a Rússia de enviar mais tropas e armas para ajudar os rebeldes.

"Declaramos um dia de silêncio por três vezes antes. Esta é a quarta vez. Cento e noventa e duas pessoas foram mortas desde 5 de setembro", disse o chefe das Forças Armadas da Ucrânia, Viktor Muzhenko, a jornalistas em Kiev.

Moscou, que nega que as suas tropas estejam lutando na Ucrânia, embora dezenas de soldados russos tenham morrido na região, diz que a Ucrânia violou o acordo de Minsk ao prosseguir com a luta.

Em Donetsk, o líder rebelde Alexander Zakharchenko disse que ordenou que suas forças parassem de atirar às 10h e apenas respondessem se fossem atacadas. "O cessar-fogo no momento está sendo observado", disse ele.

(Reportagem adicional de Alessandra Prentice, em Kiev; de Serhiy Kirichenko, em Donetsk; e de Thomas Grove, em Moscou)

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