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UE engrossa coro para Mugabe deixar o poder no Zimbábue

Por NELSON BANYA
Atualização:

A União Européia se juntou nesta segunda-feira à pressão internacional pela saída de Robert Mugabe da presidência do Zimbábue após 28 anos, em um momento em que a escassez de alimentos e a contaminação por cólera têm agravado uma grave crise humanitária. Antigos aliados de Mugabe no Ocidente têm reiterado os pedidos pela sua saída após o agravamento da crise. Mugabe responsabiliza as sanções ocidentais contra o Zimbábue pelo colapso. Críticos culpam o autoritarismo cada vez maior do presidente. "Eu acho que chegou a hora de colocar toda a pressão pela saída de Mugabe", disse o chefe de política externa da União Européia, Javier Solana, antes de um encontro de ministros das Relações Exteriores de países europeus em Bruxelas. O presidente francês, Nicolas Sarkozy, cujo país ocupa a presidência rotativa da UE, afirmou em discurso: "Eu digo hoje que o presidente Mugabe precisa sair. O Zimbábue já sofreu o bastante." Estados Unidos e Grã-Bretanha fizeram declarações semelhantes. O encontro da UE vai decidir sobre a inclusão de 11 novos nomes em uma lista de mais de 160 autoridades zimbabuanas --incluindo Mugabe-- que estão proibidas de viajar à Europa. Solana, no entanto, é contra qualquer sanção adicional a um país arruinado. Autoridades da África do Sul estiveram no Zimbábue para avaliar a escala da crise, respondendo a um pedido inédito do governo de Mugabe por ajuda internacional. Alimentos básicos estão acabando, e uma epidemia de cólera já matou pelo menos 575 pessoas, além de infectar milhares e se espalhar por África do Sul, Moçambique, Botsuana e Zâmbia. Os preços duplicam a cada 24 horas, e o limite para saques de 100 milhões de dólares zimbabuanos por dia só é suficiente para comprar três pães no país, que já foi relativamente próspero. A possibilidade de uma solução para o Zimbábue tem diminuído com o impasse entre Mugabe e o opositor Morgan Tsvangirai sobre a construção de um governo compartilhado, algo que havia sido acordado em setembro após eleições amplamente condenadas. O sistema de saúde é incapaz de lidar com a epidemia de cólera. O sistema de água entrou em colapso, forçando as pessoas a beber água de poços e fontes contaminadas. O Zimbábue acusa a ex-metrópole Grã-Bretanha de usar a crise e a epidemia de cólera para angariar apoio no Ocidente a uma invasão ao país. (Reportagem adicional de Ingrid Melander em Bruxelas, James Mackenzie e Francois Murphy em Paris e Paul Simao em Pretoria)

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